China prende pastores e aumenta repressão a igrejas

Na última quinta-feira, 9 de novembro, o governo comunista da China iniciou uma grande operação de repressão que resultou na prisão de pelo menos 30 pastores e líderes da Igreja Zion. Esta igreja é uma das maiores congregações evangélicas não registradas do país e suas detenções estão sendo consideradas a mais significativa repressão contra igrejas independentes desde 2018.
As prisões ocorreram em diversas províncias, incluindo Pequim, Guangxi, Zhejiang e Shandong. Entre os presos, está o pastor Ezra Jin Mingri, fundador da Zion Church, que foi detido em sua casa na cidade de Beihai, no sul da China. Ele enfrenta acusações de “uso ilegal de redes de informação”, um crime que pode resultar em até sete anos de prisão.
Segundo informações de Sean Long, porta-voz e também pastor da Zion que atualmente vive exilado nos Estados Unidos, cerca de 150 fiéis já foram interrogados e, pelo menos, 20 líderes continuam sob custódia. Long classificou as prisões como uma gravíssima violação da liberdade religiosa, uma vez que essa liberdade está garantida pela Constituição chinesa. Ele fez um apelo pela libertação imediata dos pastores detidos.
A filha do pastor Mingri, Grace Jin Drexel, que reside em Washington e trabalha no Senado dos Estados Unidos, expressou preocupações sobre a saúde do pai, que é diabético e necessita de medicação. Ela também relatou que advogados estão proibidos de visitá-lo, o que acentua a apreensão da família. A mãe de Mingri, Chunli Liu, insinuou que o regime tem receios sobre a influência de seu marido.
A prisão dos líderes religiosos também gerou reações internacionais. O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, se posicionou contra as detenções, exigindo a libertação imediata dos envolvidos. Segundo Rubio, essa repressão revela a hostilidade do Partido Comunista Chinês em relação aos cristãos que não aceitam a interferência do governo em suas crenças.
A operação policial foi classificada como “coordenada nacionalmente”, com mandados de prisão expedidos antes das detenções e ações simultâneas em diferentes partes do país. Durante as prisões, as autoridades também confiscam computadores, celulares e outros equipamentos eletrônicos da igreja, visando desmantelar sua estrutura digital, que é essencial para os cultos virtuais realizados após o fechamento dos templos.
A Igreja Zion foi fundada em 2007 por Mingri e, em pouco tempo, cresceu para contar com cerca de 5 mil fiéis em 40 cidades ao redor da China. A popularidade da igreja aumentou durante a pandemia, quando muitos fiéis se voltaram para os cultos online. A Zion Church se recusa a se submeter ao “Movimento Patriótico das Três Autonomias”, um organismo estatal que supervisiona as igrejas evangélicas sob controle do Partido Comunista. Para o governo chinês, essa resistência é vista como uma ameaça à sua autoridade.
Atualmente, a China reconhece oficialmente cerca de 44 milhões de cristãos que frequentam igrejas estatais. Contudo, estima-se que cerca de 60 milhões pratiquem sua fé em congregações não registradas, conhecidas como “igrejas domésticas”. O governo de Pequim tenta reduzir esse número através de prisões, censura e intimidações.