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Minha Casa, Minha Vida agora para imóvel usado? O que está acontecendo

O Minha Casa, Minha Vida (MCMV) deveria ser um programa de paz, a realização do sonho da casa própria para milhões de brasileiros. Contudo, uma mudança silenciosa nas regras transformou o programa em um campo de batalha, uma verdadeira guerra civil entre o povo e as gigantes da construção. E o motivo é chocante: você e sua família, ao realizarem o sonho da casa própria, podem estar “atrapalhando” a indústria.

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A confusão começou quando o governo permitiu que o financiamento do MCMV, com seus juros baixíssimos, fosse usado para comprar imóveis usados.

O resultado? Uma explosão. Em 2024, o Brasil bateu o recorde histórico, com 155 mil famílias optando por um lar já pronto. Isso representa 27%, ou mais de um quarto, de todos os financiamentos do programa.

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Um número que, para você, significa mais liberdade de escolha. Mas para o setor da construção, soou como uma declaração de guerra.

Furiosas, as construtoras partiram para o ataque, pressionando o governo para limitar a compra de usados e forçar o dinheiro do programa a irrigar apenas seus canteiros de obras. É uma briga de Davi contra Golias, com seu sonho no meio do fogo cruzado.

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Mas por que as construtoras estão tão desesperadas e como as últimas mudanças nas regras podem definir se você vai conseguir ou não comprar sua casa?

A explosão que irritou os gigantes

Os números, compilados pela FGV, não mentem e explicam a fúria do setor da construção. A possibilidade de comprar um imóvel usado com os juros subsidiados do MCMV (que chegam a ser de 4% ao ano, contra mais de 12% do mercado) foi um divisor de águas. As famílias perceberam que poderiam:

  • Escolher a localização: Comprar em bairros já estruturados, perto do trabalho e da escola dos filhos, em vez de em loteamentos distantes.
  • Mudar imediatamente: Não precisar esperar meses ou anos pela construção do imóvel.
  • Negociar o preço: Ter mais poder de barganha com um proprietário do que com uma grande construtora.

Essa liberdade do consumidor, no entanto, é vista como uma ameaça pelas empresas do setor.

O lobby da construção: “o dinheiro tem que ser nosso”

A lógica das construtoras, defendida pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), é direta. Para elas, o MCMV não é apenas um programa social, mas um motor econômico. O argumento é que:

  • Financiar imóveis novos gera empregos: Na construção civil, na indústria de materiais, em toda a cadeia produtiva.
  • Contribui para o FGTS: Com mais empregos formais, mais dinheiro entra no FGTS, que é a principal fonte de recursos para o próprio Minha Casa, Minha Vida.
  • Imóveis usados “não geram nada”: Segundo a visão do setor, a compra de um usado é apenas uma troca de dinheiro entre duas pessoas, sem gerar novos postos de trabalho ou riqueza para o país.

Essa pressão resultou em uma série de “punições” para quem quer comprar um usado, como a redução do valor máximo do imóvel e a exigência de uma entrada maior, dificultando a vida do comprador.

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A reviravolta: as novas regras que podem te salvar

Após a repercussão negativa, o governo tentou encontrar um meio-termo. Recentemente, as regras foram suavizadas, dando um novo fôlego para quem sonha com um imóvel usado.

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  • Criação da Faixa 4: Famílias com renda de até R$ 12 mil agora podem financiar imóveis usados de até R$ 500 mil com juros de 10% ao ano, ainda muito abaixo do mercado.
  • Entrada menor para a Faixa 3: A exigência de entrada para imóveis usados na Faixa 3 (renda de até R$ 8 mil) foi reduzida, tornando a compra mais acessível. Por exemplo, em São Paulo, a entrada necessária para um imóvel de R$ 270 mil caiu de R$ 135 mil para R$ 94,5 mil.

A guerra está longe de acabar. De um lado, o direito do cidadão de escolher onde e como quer morar. Do outro, o poder de um dos setores mais influentes da economia. O resultado dessa batalha definirá o futuro da habitação no Brasil.

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Rodrigo Campos

Jornalista, pós-graduado em Comunicação e Semiótica, graduando em Letras. Já atuou como repórter, apresentador, editor e âncora em vários veículos de comunicação, além de trabalhar como redator e editor de conteúdo Web.

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