Momentos de intensa emoção marcaram a despedida do ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica. O cortejo fúnebre ocorreu na quarta-feira, 15 de maio, e durou mais de três horas pelas ruas de Montevidéu, começando na sede da presidência e culminando no Palácio Legislativo, onde o caixão chegou por volta das 14h.
Cerca de mil pessoas acompanharam o trajeto, que aconteceu em um itinerário que incluiu a Avenida 18 de Julho, interrompendo o tráfego. Os participantes, em sua maioria, permaneceram em silêncio, comovidos, intercalado por aplausos e gritos de “obrigado, Pepe”.
Em um ato significativo, o atual presidente da Frente Ampla, Yamandú Orsi, pôs a bandeira uruguaia sobre o caixão, simbolizando respeito e reconhecimento ao legado do ex-presidente. Na sequência, na quinta-feira, 16 de maio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se juntou à despedida, emocionando-se ao comentar sobre Mujica: “Ele era um ser humano muito especial”. Lula ressaltou a admiração que sempre teve por Mujica e o impacto que ele teve em sua vida e na política.
Muitas pessoas, incluindo um educador brasileiro residente em Montevidéu, enfrentaram longas filas para prestar suas homenagens. Alexsandro Machado expressou a importância do momento, destacando que Mujica simboliza a luta por ideais e a esperança. “Ele nos ensinou a lutar até o fim”, afirmou.
Além disso, o evento foi rodeado por militantes do Movimento Participação Popular (MPP), do qual Mujica foi um dos fundadores. Melody Caballero, uma das integrantes, falou sobre a tristeza da perda e a importância da união neste momento difícil. “Estamos aqui para compartilhar a dor, buscando formas de continuar o que ele ensinou”, disse.
A influência de Mujica também toca a juventude. Ignácio Benitez, de 17 anos, representa um grupo jovem que se mantém engajado com as ideias do ex-presidente. “Ele nunca vai embora. Nós vamos lembrar dele sempre e passar seu legado adiante”, declarou.
Uma comitiva do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) também esteve presente, trazendo uma bandeira e um boné como homenagem. Catarina Kovalick, uma das dirigentes, compartilhou a emoção do encontro com a esposa de Mujica, Lucía Topolansky, e o significado da entrega da homenagem. “Foi um momento tocante. Pepe amava vocês”, disse Lucía em reconhecimento ao apoio que o MST sempre teve de Mujica.
As manifestações de carinho e respeito demonstradas durante o cortejo e os discursos relembram que a memória e os ensinamentos de Pepe Mujica continuarão a influenciar as gerações futuras.
