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Mauro Cid é acusado de mentir em provas obtidas por VEJA

A defesa de Jair Bolsonaro tem utilizado uma estratégia de desqualificação das informações fornecidas pelo tenente-coronel Mauro Cid, que fez um acordo de delação premiada. Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, colaborou com a Polícia Federal (PF) para esclarecer um suposto plano que teria sido elaborado no final de 2022 para anular as eleições, barrar a posse de Luiz Inácio Lula da Silva e manter Bolsonaro no poder.

Nos dias 9 e 10 de outubro, o Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou os interrogatórios de oito réus, incluindo Cid. Durante cerca de quatro horas de depoimento, ele repetiu boa parte do que já havia falado anteriormente, mas apresentou inconsistências e momentos de “lapsos de memória”, afirmando diversas vezes que não se lembrava de informações importantes.

Um momento mais tenso da audiência ocorreu no final, quando um dos advogados de Bolsonaro, Celso Vilardi, questionou Cid sobre o uso de um perfil falso no Instagram, perguntando se ele havia utilizado essa conta para tratar de sua delação. Cid negou, mas hesitou ao responder sobre a associação com o perfil @gabrielar702, mencionando que não tinha certeza se pertencia à sua esposa.

Após sua delação, Cid se comprometeu a ser honesto e a não contatar outros investigados ou usar redes sociais. No entanto, mensagens trocadas entre Cid e pessoas próximas indicam que ele desrespeitou essas cláusulas, discutindo abertamente os detalhes de sua delação e expressando sua insatisfação com os investigadores. Ele se sentiu pressionado e alegou que o delegado estava tentando manipular suas declarações.

Essas mensagens, trocadas entre janeiro e março de 2024, revelam que, mesmo sob monitoramento com uma tornozeleira eletrônica e restrições de comunicação, Cid utilizava o Instagram para discutir seus depoimentos e expressar preocupações sobre a condução da investigação. Ele falou sobre a pressão que estava enfrentando e que o ministro Alexandre de Moraes já teria decidido condenar os réus antes mesmo do julgamento.

Com sua delação, Cid se tornou uma figura central na acusação contra Bolsonaro e outros ex-integrantes do governo, que são acusados de tentar um golpe de Estado. As informações fornecidas por Cid foram cruciais para a apresentação da denúncia contra o grupo, que incluía desde os ex-ministros até o ex-chefe da Agência Brasileira de Inteligência.

A delação de Cid também trouxe benefícios para ele e sua família, como a possibilidade de não serem presos e de receberem proteção policial. Contudo, ao desrespeitar as regras do acordo, Cid corre o risco de ver sua colaboração cancelada, o que poderia resultar em penas severas, já que ele poderia ser condenado a até 40 anos de prisão.

Ao final do depoimento, Cid minimizou a gravidade de suas revelações, afirmando que muitas de suas conversas eram apenas “bravatas” ou lamúrias e não refletem intenções reais de golpe. Enquanto isso, Bolsonaro e seus aliados negaram todas as acusações e tentaram desqualificar as informações fornecidas por Cid.

Como desdobramento, o STF agora decidirá se o acordo de delação se mantém ou se haverá consequências para Cid, incluindo o possível cancelamento de benefícios e a reabertura de investigações. As mensagens do tenente-coronel e o conteúdo das delações ainda serão examinados pelo tribunal em busca de mais informações sobre as ações dos envolvidos nas tentativas de anular as eleições e manipular o processo político.

Editorial Noroeste

Conteúdo elaborado pela equipe do Folha do Noroeste, portal dedicado a trazer notícias e análises abrangentes do Noroeste brasileiro.

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