Ex-diretor da PF é preso por corrupção na ANM

O ex-diretor da Polícia Federal, Rodrigo de Melo Teixeira, foi preso na quarta-feira, dia 17, em uma operação que investiga uma organização criminosa envolvida em crimes ambientais, corrupção e lavagem de dinheiro no estado de Minas Gerais. Teixeira ocupou o cargo de diretor de Polícia Administrativa no início da gestão do diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, e deixou a função no final de 2022.
As investigações apontam que Teixeira teria negociado direitos minerários com uma gangue criminosa operando na região. Um de seus contatos era o lobista Gilberto Henrique Horta de Carvalho, que também foi alvo de mandado de prisão.
A Polícia Federal descreveu Teixeira como um “peça central” da organização criminosa, atuando na gestão de empresas do setor de mineração, mesmo sem participação formal nessas sociedades. Ele já foi superintendente da PF em Minas Gerais e estava no cargo durante eventos significativos, como o atentado contra o ex-presidente Jair Bolsonaro em Juiz de Fora e o trágico rompimento da barragem em Brumadinho.
Teixeira também exerceu funções como secretário municipal de Segurança e Prevenção em Belo Horizonte, quando a cidade era administrada pelo ex-prefeito Alexandre Kalil, que tem vínculos políticos com o atual ministro de Minas e Energia. Além disso, ele foi secretário-adjunto na área ambiental e presidiu a Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) durante o governo de Fernando Pimentel.
As investigações indicam que Teixeira pode ter ocultado a propriedade de empresas e participado de atos de corrupção e obstrução de Justiça. As interceptações telefônicas revelaram que ele seria o administrador de fato da empresa Gmais Ambiental Ltda., criada em março de 2021, quando era secretário municipal adjunto. Ele teria utilizado essa empresa para obter lucros provenientes de atividades minerárias ilegais.
Além disso, a Polícia Federal identificou que Teixeira exercia influência sobre inquéritos da PF relacionados à mineração. Em uma conversa interceptada no início de 2023, Carvalho e o ex-deputado estadual João Alberto Lages comentavam sobre a atuação de Teixeira na PF e mencionavam a possibilidade dele poder indicar um nome para a Superintendência da PF em Minas Gerais que não prejudicasse os negócios de mineração.
As investigações revelam que o grupo criminal teria obtido um lucro de aproximadamente R$ 1,5 bilhão e possuía projetos com potencial econômico superior a R$ 18 bilhões. A operação, chamada Rejeito, conta com o apoio do Ministério Público Federal e da Receita Federal.
Nesta quarta-feira, foram cumpridos 79 mandados de busca e apreensão e 22 mandados de prisão preventiva. Além disso, houve bloqueio de R$ 1,5 milhão e a suspensão de atividades de empresas envolvidas nos crimes. O grupo investigado é acusado de corromper servidores públicos de diversas instituições, como o Iphan, ANM, FEAM e a Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Minas Gerais, para obter autorizações e licenças ambientais fraudulentas.