Dólar sobe e Bolsa cai após queda da MP 1.303 nesta quinta-feira

Na quinta-feira, 9 de outubro, o mercado financeiro brasileiro passou por importantes oscilacoes, influenciado por dois acontecimentos relevantes. Primeiro, o governo sofreu uma derrota no Congresso com a derrubada da Medida Provisória 1.303. Em segundo lugar, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de setembro foi divulgado, apresentando uma taxa abaixo do esperado.
A princípio, a combinação dessas notícias trouxe um otimismo ao mercado. O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores, começou o dia em alta, enquanto o dólar se desvalorizava. Contudo, essa trajetória positiva logo foi interrompida. Entre o final da manhã e o começo da tarde, o Ibovespa começou a oscilar entre perdas e ganhos, e o dólar voltou a subir. Perto das 15h, o Ibovespa mostrava uma queda de 0,31%, enquanto o dólar subia 0,48%, alcançando R$ 5,37.
O impacto da derrubada da Medida Provisória 1.303 foi inicialmente acompanhado de cautela por parte dos investidores. Esta MP previa receitas que agora precisam ser substituídas. O governo brasileiro deverá se mobilizar na próxima semana para discutir novas medidas que possam compensar essa perda. Se novas fontes de receita não forem encontradas, existe o risco de a meta fiscal para o próximo ano ser revista, o que poderia desagradar analistas do mercado, segundo economistas consultados.
Apesar desse cenário preocupante, alguns analistas destacaram um alívio em Brasília como um dos fatores que melhorou o clima no mercado. A eliminação da pressão sobre ativos de fintechs e a manutenção de isenções tributárias para bancos e algumas companhias ajudaram a impulsionar o otimismo. Além disso, o IPCA apresentou resultados que indicam um leve esfriamento da economia, facilitando a atuação do Banco Central. A XP investigações financeiras descreveu o resultado do IPCA como levemente melhor do que o esperado, o que levou a revisões nas projeções futuras.
Entretanto, essa euforia inicial foi rapidamente ofuscada por declarações do diretor de Política Monetária do Banco Central, que reafirmou a intenção de manter a taxa Selic em 15% por um período mais longo. Ele enfatizou que a instituição não hesitaria em aumentar a taxa novamente, se necessário. Segundo sua análise, em um cenário de incertezas, uma política monetária mais restritiva é essencial.
Além dos fatores internos, acontecimentos internacionais também tiveram repercussão no mercado. No Japão, a ascensão da conservadora Sanae Takaichi como potencial primeira-ministra trouxe pressões sobre o iene, que se desvalorizou em relação ao dólar. Por outro lado, a situação na França, com a dissolução do governo e pressões por novas eleições, contribuiu para a debilidade do euro.
Esses fatores externos provocaram uma reação no valor do dólar, que teve sua melhor performance desde julho, influenciado pela incerteza gerada pela falta de dados oficiais durante o fechamento do governo nos Estados Unidos. Como resultado, ações em Wall Street começaram a perder valor, refletindo preocupações acerca das direções futuras do Federal Reserve.
No cenário brasileiro, essa combinação de fatores externos e internos resultou numa queda na atratividade dos investimentos em mercados emergentes, o que impactou negativamente o real e limitou a movimentação financeira nas bolsas nacionais. No entanto, apesar das oscilações, os juros apresentaram uma queda generalizada, um reflexo das expectativas mais brandas em relação à inflação.