A história da cidade cintilante e os estados do Golfo na Índia

Em 1956, o correspondente do jornal The Times, David Holden, chegou à ilha de Bahrain, que na época era um protetorado britânico. Seu trabalho no Oriente Médio começou de maneira inusitada, quando participou de um evento em homenagem à rainha Vitória, reconhecida como Imperatriz da Índia. Durante suas visitas a locais como Dubai, Abu Dhabi e Omã, Holden notou a influência da cultura indiana na região.
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Ele descreveu o cenário como uma fusão de realidades temporais, onde a presença britânica era evidenciada nos costumes locais. Os serventes, por exemplo, eram chamados de “bearers”, enquanto o laundryman se referia a um “dhobi”. Além disso, ele menciona como o sultão de Omã, educado na Índia, falava mais urdu do que árabe, ressaltando a interconexão cultural da época.
Historicamente, no início do século XX, cerca de um terço da Península Arábica era parte do Império Britânico da Índia. Os territórios, incluindo Aden, eram administrados a partir de Delhi e incluíam os soldados do exército indiano e outros agentes britânicos. Em uma estratégia política, as autoridades mantinham essa relação sob sigilo para evitar provocar o Império Otomano e, posteriormente, a Arábia Saudita. Isso resultava em uma percepção generalizada de que esses territórios eram parte integrante da Índia.
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Com o passar do tempo e com o crescimento do nacionalismo indiano, houve uma mudança significativa nesse panorama. Em 1º de abril de 1937, Aden foi separado oficialmente da Índia, embora ainda estivesse sob a administração britânica. Uma mensagem do rei George VI anunciou essa transição, afirmando que Aden, até então uma parte vital da administração indiana, passaria a ser uma colônia britânica. Apesar disso, a região do Golfo permaneceu sob a influência da Índia por mais uma década.
Após a independência da Índia e divisão com o Paquistão em 1947, os estados do Golfo foram discretamente excluídos da integração com os novos países. Esse deslocamento administrativo foi crucial, pois impediu que esses estados se tornassem parte da Índia ou do Paquistão, ao contrário de outras regiões do subcontinente indiano.
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As discussões sobre um possível controle indiano ou paquistanês sobre o Golfo foram rapidamente abandonadas pelo governo britânico, que decidiu manter sua influência na região. Assim, o controle britânico se estendeu até 1971, quando finalmente se retiraram do Golfo, encerrando uma era de dominação que remonta à época da Companhia Britânica das Índias Orientais.
Hoje, os países do Golfo, como Dubai e Bahrein, têm suas próprias identidades independentes e, embora algumas memórias da presença britânica permaneçam, a ligação direta com a Índia foi amplamente apagada. A transformação econômica e social que ocorreu nas últimas décadas é também um reflexo dessa mudança, onde antigas hierarquias de classe foram invertidas e a região agora se destaca como um vibrante centro do Oriente Médio.
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