Guerra de preços expõe divisões na indústria automotiva chinesa

O Fórum Automotivo de Chongqing, realizado em 2025, mostrou que o clima entre as grandes montadoras chinesas de veículos elétricos está tenso. O que antes era um espaço para alinhamento de estratégias virou uma arena de provocações, com as principais marcas como BYD, Geely e GWM trocando farpas.
Li Yunfei, da BYD, foi o primeiro a dar a letra, criticando seus concorrentes por práticas que ele chamou de “táticas sujas” e campanhas de desinformação. Embora não tenha dado nomes, essa fala acendeu a chama da polêmica. Ele pediu até que o governo desse uma olhada nessas práticas que, pra ele, estariam manipulando a opinião pública.
Depois dessa provocação, Victor Young, da Geely, não deixou barato e respondeu chamando a BYD de hipócrita. Ele insinuou que a montadora tentava se fazer de vítima, enquanto tomava atitudes semelhantes às que criticava: “Não seria o caso do ladrão gritar ‘pega ladrão’?” Foi uma cutucada que deixou o clima ainda mais pesado.
E não parou por aí! Wei Jianjun, da GWM, já havia chamado a atenção para a crise iminente no setor, descrevendo a situação como uma “bomba-relógio”. Na mesma linha, Yu Chengdong, da Huawei, criticou as montadoras que apostam tudo em um único produto, o que levou Lei Jun, da Xiaomi, a rebater com ironia: “Caluniar é admirar com reverência”. E com a BYD na mira, vale conferir a novidade: o sedã elétrico Seal 06 que acabou de ser lançado na China.
Nesse cenário tenso, algumas marcas tentaram trazer um pouco de calma. Li Xueyong, da Chery, falou sobre como a concorrência pode fortalecer o setor a longo prazo, desde que as empresas se concentrem no que fazem de melhor. Um olhar mais pragmático, mas com a realidade gritando em volta!
As disputas refletem um cenário complicado. A guerra de preços está aflorando: só em maio de 2025, mais de 100 modelos viram preços cortados drasticamente. Resultado? A margem de lucro do setor despencou para 3,9%, menos da metade do que era há dez anos.
E essa pressão também atinge os revendedores. A Associação de Fabricantes de Automóveis da China e a Câmara de Comércio de Revendedores emitiram alertas contra vendas abaixo do custo e metas irrealistas. Essas práticas foram classificadas como predatórias e insustentáveis.
Com esse ambiente cada vez mais competitivo – que antes se beneficiava de margens confortáveis e apoio estatal – as fabricantes se veem em um dilema: optar por preços mais baixos para sobreviver ou investir em inovações como direção autônoma e baterias de estado sólido, tudo isso com lucros cada vez mais reduzidos.
Até mesmo a Tesla, que costumava dominar o mercado, sentiu o impacto. No primeiro trimestre de 2025, as vendas caíram 36% na Europa, e em países como Alemanha e França, a queda superou os 60%. Nesse novo cenário, “vender mais” se transformou em “lucrar menos”.
A indústria de veículos elétricos na China está em um ponto crucial. A era de otimismo e união entre as montadoras ficou para trás. Agora, com os nervos à flor da pele, as grandes marcas se enfrentam para não ficar para trás. E, enquanto isso, a BYD apresentou o Fang Cheng Bao Tai 3, um SUV compacto cheio de tecnologia e com um visual que chama atenção. O mercado está fervendo!