Mudanças no SUS e a dívida que vai pagar sua cirurgia em hospital de rico

A cena é um retrato da agonia de milhões de brasileiros. Você ou um parente querido precisa de uma consulta com um especialista, de um exame complexo ou de uma cirurgia importante. Você recorre ao Sistema Único de Saúde (SUS), seu direito garantido, e então, começa o pesadelo.
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A fila de espera se arrasta por meses, às vezes por anos, enquanto a dor aumenta e a saúde se deteriora.
Do outro lado da rua, você vê os hospitais privados. Modernos, eficientes, com atendimento rápido. Um universo de cuidado que parece inacessível, reservado apenas para quem pode pagar um plano de saúde caro.
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A sensação é a de que existem dois Brasis: o de quem espera e sofre, e o de quem paga e resolve.
Mas, e se eu te dissesse que o governo acaba de criar uma “ponte” entre esses dois mundos? E se, a partir de agosto, você, paciente do SUS, pudesse ser atendido em um desses hospitais particulares de ponta, de graça?
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E se o segredo para esse “milagre” estivesse em uma dívida bilionária que esses mesmos hospitais têm com o governo? Prepare-se, pois um “calote do bem” está prestes a se tornar a cura para a fila do SUS.
O ‘Agora Tem Especialistas’: como a dívida dos hospitais vira sua consulta
O nome do programa revolucionário que promete mudar a saúde no Brasil é “Agora Tem Especialistas”. A ideia, anunciada pelo governo federal, é uma das mais geniais e simples dos últimos tempos: permitir que hospitais privados e filantrópicos que devem impostos para a União possam “pagar” essa dívida oferecendo serviços ao SUS.
Na prática, a dívida deles vira a sua consulta, o seu exame, a sua cirurgia. O programa funcionará com faixas de abatimento:
- Hospitais com dívidas acima de R$ 10 milhões: podem usar até 30% do valor para atender pacientes do SUS.
- Dívidas entre R$ 5 e R$ 10 milhões: podem abater até 40%.
- Dívidas abaixo de R$ 5 milhões: podem abater até 50%.
As 6 áreas prioritárias: para onde a ‘ponte’ vai te levar?
Inicialmente, o programa não cobrirá todas as especialidades, mas focará nas áreas com as maiores e mais urgentes filas de espera. Se você aguarda por um atendimento em uma dessas áreas, a chance de ser beneficiado é enorme.
- Oncologia (tratamento de câncer)
- Cardiologia
- Ortopedia
- Ginecologia
- Oftalmologia
- Otorrinolaringologia
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Mas como eu consigo? O caminho para o atendimento (e a ‘letra miúda’)
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É aqui que você precisa prestar atenção. O paciente do SUS não poderá escolher ir a um hospital privado. O processo será coordenado pela central de regulação do seu município ou estado. É essa central que, ao identificar a longa fila de espera para um determinado procedimento no sistema público, irá te encaminhar para uma das vagas disponíveis na rede privada parceira.
- É de graça? Sim, o atendimento para o paciente do SUS será 100% gratuito, como deve ser.
- É para sempre? A iniciativa foi lançada por uma Medida Provisória (MP), que tem força de lei imediata, mas precisa ser votada e aprovada pelo Congresso em até 120 dias para se tornar definitiva.
- Como acompanhar? O governo promete criar um painel nacional para que todos possam acompanhar o tamanho das filas e o tempo de espera em tempo real, trazendo mais transparência ao sistema.
Essa “ponte” entre o SUS e a rede privada é uma das apostas mais ousadas para combater um dos problemas mais crônicos do Brasil. E, para quem está na fila, ela representa uma esperança que há muito não se via.
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