Adeus, cartão! O que se sabe sobre o VR e VA ser pago via Pix?

A forma como recebemos benefícios como vale-refeição e vale-alimentação pode estar prestes a mudar — ou quase esteve. A proposta de substituir os tradicionais cartões por pagamentos via Pix chegou a ser considerada pelo governo, prometendo mais agilidade e menos burocracia.
A ideia era simples: criar contas específicas para os trabalhadores e realizar os depósitos diretamente, sem intermediários. Isso poderia diminuir taxas, facilitar o uso e, principalmente, dar mais controle aos usuários sobre os valores recebidos.
No entanto, a proposta esbarrou em obstáculos importantes. O tema dividiu opiniões, levantou críticas do setor de benefícios e acabou sendo descartado… pelo menos por enquanto. Mas a discussão está longe de terminar — e envolve muito mais do que apenas tecnologia.

Pix no lugar do cartão? Entenda por que a proposta não foi adiante
A possibilidade de receber VR e VA via Pix parecia revolucionária. Além de cortar intermediários, traria mais liberdade para o trabalhador e reduziria os custos para as empresas. No papel, tudo parecia promissor — rápido, direto e moderno.
Porém, bastou a proposta ganhar força para surgir uma forte resistência. Empresas do setor de benefícios questionaram a mudança, alegando que isso poderia prejudicar o controle e a finalidade desses valores, que são voltados exclusivamente para alimentação.
Luiz Marinho, ministro do Trabalho e Emprego, também se posicionou com cautela. Ele apontou o risco de desvio de finalidade, ou seja, a possibilidade de o trabalhador usar o benefício em qualquer coisa — de apostas online a compras não alimentares.
Com esses impasses, a proposta foi arquivada. Mas ela deixou uma discussão importante no ar: como equilibrar a modernização dos meios de pagamento com o controle e a finalidade social desses benefícios?
PAT será modernizado, mas com novas prioridades
Com o recuo da proposta do Pix, o governo voltou sua atenção para outras estratégias de modernização do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT). O objetivo segue o mesmo: tornar o sistema mais eficiente, justo e vantajoso para todos os envolvidos.
Entre as novidades está a proposta de reduzir o prazo de repasse aos estabelecimentos. Hoje, comerciantes esperam até 30 dias para receber o valor das compras feitas com VA e VR — esse tempo pode cair para apenas 2 dias.
Outra medida importante é a tentativa de padronizar as taxas cobradas pelas operadoras de benefícios, conhecidas como Merchant Discount Rate (MDR). Atualmente, essas taxas variam bastante e, em alguns casos, ultrapassam 5%, o que pesa no bolso dos comerciantes.
O Ministério do Trabalho defende que o MDR tenha um teto entre 3% e 4%, buscando mais equilíbrio para o setor. Isso pode aumentar a aceitação dos cartões, estimular a competitividade e garantir que o benefício seja utilizado da melhor forma possível.
Inflação dos alimentos pressiona mudanças no sistema
O debate sobre o futuro do PAT também ganhou força por outro motivo: a alta dos preços dos alimentos. Com a inflação acumulando mais de 5% até abril de 2025, o impacto no poder de compra dos trabalhadores é evidente.
O IPCA de 2024 já havia encerrado em 4,83%, mas o ritmo de alta continuou no ano seguinte, impulsionado principalmente pelos itens da cesta básica. Isso colocou pressão extra sobre o governo e as empresas para ajustar o sistema de benefícios.
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A meta de inflação para o ano é de 3%, o que mostra o desafio enfrentado para conter os preços. Nesse cenário, garantir que o VA e o VR sejam usados de forma correta e eficiente se torna ainda mais urgente.
A modernização do PAT pode ser uma das ferramentas para aliviar essa pressão. Reduzindo taxas, acelerando repasses e mantendo o foco na alimentação, o governo tenta garantir que o benefício realmente cumpra seu papel: ajudar o trabalhador a se alimentar com dignidade.