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Juros nos EUA podem estabilizar dólar em 16/09/2025

O ciclo de queda dos juros nos Estados Unidos pode aumentar a diferença em relação às taxas de juros do Brasil, beneficiando os ativos brasileiros e ajudando a conter uma possível alta do dólar em relação ao real.

Nesta quarta-feira, 17 de outubro, o mercado aguarda uma redução de 0,25 ponto percentual na taxa do Federal Reserve, o banco central dos EUA. Com essa diminuição, a taxa deve ficar entre 4% e 4,25% ao ano. Já o Banco Central brasileiro deve manter a Selic, que é a taxa básica de juros do Brasil, em 15%. Assim, a diferença entre as duas taxas chegaria a 10,75 pontos percentuais, considerando o limite mais alto da taxa americana.

Todas as 36 instituições financeiras consultadas sobre a Selic esperam que a taxa permaneça inalterada. Nos Estados Unidos, apenas 3 dos 102 especialistas acreditam que a queda será superior a 0,25 ponto percentual.

Essa diferença maior nas taxas de juros torna o investimento em ativos brasileiros, por meio da estratégia conhecida como “carry trade”, mais interessante. Nessa estratégia, os investidores pegam dinheiro emprestado a taxas menores nos EUA e aplicam em opções que oferecem maior rentabilidade, como a renda fixa no Brasil. Com isso, há uma tendência de aumento do fluxo de dólares para o Brasil, o que pode valorizar o real.

Outro fator que ajuda na valorização do real é a fraqueza do dólar em relação a outras moedas globais, conforme medido pelo índice DXY. Neste ano, esse índice caiu 10%, devido às expectativas de queda de juros nos EUA e à política econômica do governo anterior, que diminuiu a confiança dos investidores na moeda americana.

Com mais cortes de juros esperados nos EUA, espera-se que os juros movam-se para a faixa de 3,50% a 3,75% até o final de 2025. Isso elevaria a diferença para 11,25 pontos percentuais, mantendo a Selic brasileira em 15% ao ano. Essa diferença é a maior registrada desde 2022, quando o Brasil foi um dos primeiros países a aumentar os juros para combater a inflação decorrente da pandemia, enquanto nos EUA as taxas permaneciam baixas para evitar uma recessão.

Em 2022, o dólar chegou a R$ 4,61, mas após uma alta nos juros americanos, escalou até R$ 5,50 em julho antes de cair, fechando o ano a R$ 5,28. No ano seguinte, em 2024, a diferença entre as taxas de juros foi de apenas 5 pontos percentuais, e o dólar ultrapassou a marca de R$ 6.

Na terça-feira, dia 16, a cotação do dólar fechou em R$ 5,298, representando uma queda de 14% em relação ao real desde janeiro. O estrategista-chefe da Avenue, William Castro Alves, afirmou que com a ampliação do diferencial de juros, uma valorização significativa do dólar é menos provável, mesmo em meio à incerteza nas eleições.

Alves ainda recomenda que investidores aproveitem a baixa do dólar e considerem investir em títulos do Tesouro americano, mesmo que a rentabilidade esteja diminuindo. Isso oferece uma oportunidade de alocar capital em produtos de baixo risco até que surjam melhores condições de investimentos.

Atualmente, o Ibovespa, índice que mede a performance das ações na bolsa brasileira, alcançou 144.061 pontos, sua maior marca histórica. Analistas acreditam que o influxo de investimentos estrangeiros pode continuar a impulsionar o índice este ano. O Santander projeta que o Ibovespa deve alcançar 160 mil pontos até o final de 2025, representando uma alta de 11%, enquanto o Itaú prevê que ele variará entre 150 mil e 165 mil pontos no médio prazo.

Após um pico de investimentos no primeiro semestre, os investidores estrangeiros estão atualmente neutros em relação à B3, a bolsa brasileira. Todavia, a redução dos juros nos EUA pode estimular a busca por ativos mais arriscados, beneficiando ações brasileiras e títulos de renda fixa, que oferecem alta liquidez e uma saída rápida em caso de mudanças adversas, como uma alta do dólar.

As previsões até o fim do ano indicam que a moeda americana pode ter uma alta de cerca de 4%, com instituições como Bradesco e Itaú projetando que o dólar chegue a R$ 5,50 até o final de 2025. Já o Santander se mostra mais cauteloso, fazendo a previsão de R$ 5,70, com a percepção de que a inflação ainda está desestabilizada e a atividade econômica no Brasil é robusta, o que pode limitar cortes na Selic para 2026.

O economista do Santander, Adriano Valladão, observou que com os cortes do Fed, o diferencial de juros a curto prazo aumenta, mas o mercado já precifica esse cenário. Enquanto isso, a curva de juros atual prevê cortes na Selic para dezembro, reduzindo-a para 14,75%, e estimativas indicam que até o final de 2024 a Selic pode chegar a 12,25%.

Editorial Noroeste

Conteúdo elaborado pela equipe do Folha do Noroeste, portal dedicado a trazer notícias e análises abrangentes do Noroeste brasileiro.

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