Revisões de empregos impactam o legado de Joe Biden

Nos últimos dois meses, os relatórios de emprego e os dados mais recentes indicam uma queda significativa no mercado de trabalho dos Estados Unidos. Críticos do presidente Donald Trump apontam que essa deterioração se deve, em parte, às tarifas elevadas e às rígidas políticas de imigração implementadas por seu governo, que teriam desacelerado uma economia que antes era considerada saudável.
Ainda que as ações de Trump possam ter contribuído para os dados de emprego decepcionantes, alguns analistas dizem que a situação não é totalmente responsabilidade dele. Recentemente, o Bureau of Labor Statistics (BLS) revisou as estimativas de empregos e revelou que, de abril de 2024 a março de 2025, aproximadamente 911 mil empregos a menos foram criados do que o inicialmente reportado. Essa revisão desmente a ideia de que a economia legada pelo ex-presidente Joe Biden era sólida, trazendo novas preocupações sobre a capacidade de recuperação do mercado de trabalho atual.
A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que as revisões evidenciam que Trump herdou uma economia em pior estado do que o relatado pelo governo anterior. Ela declarou que as revisões são um indicativo de que a mais alta recuperação de empregos nos dois primeiros anos de Biden desacelerou em 2023, antes de uma leve recuperação ao final de seu mandato.
Economistas destacam que as revisões estão alterando a narrativa sobre a saúde do mercado de trabalho. Um analista do Deutsche Bank apontou que o cenário atual mostra um mercado de trabalho com baixas contratações e demissões, sugerindo que a situação não piorou, mas continua desafiadora.
Contudo, isso não exime Trump das críticas em relação ao mercado de trabalho. O novo cenário indica que a queda recente nas contratações, bem como os cortes em várias indústrias, pode ser vista como uma continuidade dos problemas que já existiam ao final do governo Biden. Por exemplo, o setor de serviços profissionais e empresariais demitiu 17 mil trabalhadores no último mês, refletindo cortes em um momento de baixa.
Além disso, a indústria do comércio atacadista também perdeu cerca de 12 mil empregos no último mês, com revisões que mostraram que muitos postos foram supercontados. Isso explica de maneira mais clara os desafios enfrentados por Trump em sua gestão.
Outra questão que agrava a situação são as tarifas elevadas que Trump impôs. Essas medidas têm impacto direto nos empregos no setor atacadista, uma vez que o comércio internacional, especialmente com a China, se tornou complicado. Mesmo que as tarifas visassem revitalizar o setor manufatureiro, o passado recente indicou que, com o aumento de 736 mil empregos em 2021 e 2022, a indústria perdeu 129 mil empregos em 2023 e 2024.
Caso as revisões sejam confirmadas, a indústria pode ainda perder mais 95 mil postos de trabalho no próximo ano. Apesar do aumento das tarifas, a expectativa de crescimento no setor de manufatura não se concretizou, resultando em reduções contínuas de empregos.
Essas revisões significam que, em média, os empregadores dos EUA contrataram apenas 146.500 trabalhadores por mês durante o período considerado, um número muito inferior ao reportado anteriormente. Economistas já esperam novas revisões em fevereiro, das quais se acredita que os números possam ser mais favoráveis do que os atuais.
A incerteza criada pelas tarifas altas tem levado as empresas a adotar uma postura cautelosa, dificultando a previsão de desempenho econômico, o que resulta em hesitação nas contratações e até reduções nas equipes de trabalho. Para os analistas, a situação atual deve servir como alerta para Trump, uma vez que os cortes nos impostos para empresas podem não ser suficientes devido aos impactos negativos das tarifas.
Leavitt, no entanto, garantiu que o presidente não tem planos de reduzir as tarifas após a divulgação dos novos dados de emprego, afirmando que as políticas de Trump continuam a funcionar conforme o esperado.