Especialista alerta sobre medicamento ‘febre nas academias’

Uso de Medicamentos para Disfunção Erétil Cresce entre Jovens
Recentemente, o uso de medicamentos para disfunção erétil, como a tadalafila, tem se tornado cada vez mais comum entre homens jovens. Inicialmente indicado para o tratamento de disfunção erétil, esse medicamento agora é frequentemente utilizado como um "pré-treino" nas academias, atraindo a atenção de especialistas.
A tadalafila é um inibidor da enzima fosfodiesterase tipo 5 (PDE5). Isso significa que ela ajuda a relaxar os vasos sanguíneos e facilita o fluxo de sangue para o pênis. Além de ser prescrita para a disfunção erétil, ela também é indicada para condições como hiperplasia prostática benigna e hipertensão pulmonar. No entanto, muitos jovens têm adotado seu uso na esperança de melhorar o desempenho físico durante os treinos, o que levanta preocupações sobre os riscos associados a essa prática.
Flávio Antunes, um urologista e especialista em infertilidade masculina, destaca que o uso da tadalafila sem supervisão médica pode trazer riscos significativos. Ele alerta que, além dos efeitos colaterais imediatos, como dor de cabeça e congestão nasal, a automedicação pode esconder problemas de saúde mais complexos, como alterações na pressão arterial. “Muitos jovens não percebem que a tadalafila pode interagir com outros medicamentos e mascarar doenças mais graves”, explica.
Os efeitos adversos mais comuns incluem dores de cabeça, congestão nasal e problemas gastrointestinais. Para indivíduos com problemas cardíacos não diagnosticados ou que usam medicamentos à base de nitrato, o risco de complicações pode ser elevado.
Outro fator relevante é o potencial de dependência psicológica, principalmente entre os jovens que se sentem pressionados a melhorar sua performance física. Essa mentalidade, frequentemente alimentada por informações errôneas nas redes sociais e por grupos de academia, pode levar a um uso desnecessário da substância.
Flávio Antunes também aponta que o uso contínuo e desmedido da tadalafila pode interferir no diagnóstico de problemas reais que afetam a fertilidade, como a varicocele e desordens hormonais. Embora a tadalafila não cause infertilidade diretamente, seu uso inadequado pode dificultar a identificação de causas subjacentes de disfunção sexual.
O especialista conclui enfatizando a importância de buscar orientação médica ao lidar com questões de saúde sexual ou ao tentar aumentar o desempenho físico com medicamentos. Ele ressalta que a automedicação não apenas pode ser perigosa, mas também comprometer a saúde cardiovascular e reprodutiva. “Muito frequentemente, a solução pode ser uma mudança nos hábitos, acompanhamento psicológico ou um tratamento adequado, em vez de apenas um comprimido”, finaliza.