Polêmica sobre montagem de automóveis da BYD na Bahia

A montadora chinesa BYD anunciou planos para montar veículos em sua fábrica localizada em Camaçari, na Bahia, utilizando os sistemas SKD (Semi Knocked Down) e CKD (Completely Knocked Down). Esse movimento gerou um debate acalorado entre a BYD e as montadoras já estabelecidas no Brasil, principalmente sobre a geração de empregos e o equilíbrio competitivo no setor automotivo.
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Os sistemas SKD e CKD consistem na importação de carros semi-prontos ou em peças. No sistema SKD, os veículos chegam já parcialmente montados, o que demanda menos trabalho local. Em outras palavras, a montadora apenas finaliza a montagem na unidade brasileira, sem a necessidade de uma cadeia produtiva complexa. Isso significa que a possibilidade de criação de novos empregos é reduzida, uma vez que a maior parte do processo já foi realizada na China.
No sistema CKD, os veículos chegam em diferentes partes, incluindo motores, chassis e carrocerias separadas. Essa modalidade exige uma linha de montagem mais avançada, permitindo a utilização de algumas peças fabricadas no Brasil, como elementos de estamparia. Porém, a percentagem de nacionalização ainda é baixa.
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A terceira sigla a que se refere a montadora é a CBU (Completely Built Unit), que indica veículos importados que chegam ao país prontos, sem qualquer montagem local. Essa prática é comum em mercados onde a demanda não justifica a abertura de uma fábrica.
As montadoras já instaladas no Brasil têm adotado práticas que buscam a maior integração com a cadeia local de fornecedores, resultando em uma taxa de nacionalização que varia entre 65% e 90%. Esse modelo não só gera empregos, mas também fortalece a indústria automateviva do país. Em 2022, o setor de autopeças no Brasil faturou cerca de R$ 260 bilhões e emprega mais de 400 mil pessoas.
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Desde a década de 1950, o país começou a desenvolver sua indústria automotiva com a montagem de carros usando os sistemas SKD e CKD. Com o tempo, as montadoras foram aumentando a porcentagem de peças produzidas localmente à medida que a cadeia de fornecedores se consolidava. Especialistas afirmam que é comum que novas empresas iniciem suas operações com esses sistemas até que consigam desenvolver uma estrutura de produção mais robusta.
A controvérsia aumentou quando a BYD solicitou ao governo brasileiro uma redução de impostos para os kits SKD e CKD. A proposta sugere uma diminuição da tarifa de 20% para 5% nos carros elétricos e de 18% para 10% nos híbridos. Essa solicitação será analisada pela Secretaria Executiva da Câmara de Comércio Exterior (Camex).
Em resposta, o presidente da Anfavea, entidade que representa as montadoras no Brasil, destacou que as fabricantes já estabelecidas no país comprometeram R$ 180 bilhões em investimentos em novas tecnologias sem solicitar reduções de tarifas, argumentando que é possível operar de forma competitiva sem recorrer a incentivos fiscais.
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