Vênus pode ter mais semelhanças com a Terra do que pensávamos, afirma pesquisa.
Vênus Pode Ter Atividade Tectônica Semelhante à da Terra
Um novo estudo feito por cientistas dos Estados Unidos e da Suíça mostra que Vênus pode ter um tipo de atividade tectônica parecida com a da Terra, mesmo que não possua placas tectônicas como nosso planeta. A pesquisa analisa dados coletados ao longo de várias décadas e foi publicada recentemente na revista Science Advances.
Os pesquisadores afirmam que as grandes formações circulares na superfície de Vênus, conhecidas como coronas, são resultado de processos tectônicos que deformam a crosta do planeta e reciclam seu material. Anteriormente, essas estruturas eram consideradas crateras de impacto, mas agora se sabe que são vulcânicas. As coronas se formam quando plumas de material aquecido do interior do planeta sobem, causam deformações e, eventualmente, colapsam, criando um anel com fraturas.
O principal autor do estudo, Gael Casciolli, da Universidade de Maryland, destacou que as coronas não existem atualmente na Terra, mas poderiam ter aparecido em sua juventude, antes do desenvolvimento das placas tectônicas.
Para investigar essa semelhança, a equipe de pesquisa criou modelos para simular diferentes cenários de formação das coronas e analisou 75 delas usando dados de topografia e gravidade. Em 52 das coronas analisadas, os cientistas encontraram indícios de plumas ativas, que são menos densas e mais quentes, sugerindo uma atividade interna contínua no planeta.
Os pesquisadores identificaram dois processos geológicos que podem estar em ação em Vênus e que também ocorrem na Terra. O primeiro processo é a subducção, onde o material empurrado por uma pluma colide com outras partes da crosta e pode ser forçado a entrar no interior do planeta. O segundo é o gotejamento litosférico, que acontece quando partes da litosfera, aquecidas por baixo, se tornam mais densas e afundam no manto.
A equipe acredita que, mesmo sem placas tectônicas, Vênus possui formas alternativas de atividade tectônica, possivelmente semelhantes ao que ocorreu na Terra em seus primeiros dias. Anna Gülcher, coautora do estudo e cientista da Universidade de Berna, na Suíça, enfatizou que é empolgante perceber que muitos processos ativos podem estar em andamento em Vênus, e que esses mesmos processos podem ter influenciado a evolução inicial da Terra.
Os pesquisadores continuarão seus estudos sobre as coronas de Vênus para aprofundar a compreensão da evolução geológica desse planeta e suas ligações com a história da Terra.
