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Professor relata homofobia e assédio em academia de Campo Grande

Um professor de educação física de 30 anos denunciou episódios de homofobia, assédio moral e perseguição durante seu tempo de trabalho em uma academia localizada na Avenida Mato Grosso, no Centro de Campo Grande. Ele formalizou sua queixa em boletins de ocorrência, iniciou uma ação judicial contra a empresa e decidiu tornar seu caso público após ser demitido.

O professor relata que o assédio começou a aumentar em dezembro de 2024, quando enfrentou uma punição da gerente por um atraso. Como “castigo”, foi obrigado a realizar burpees— um exercício intenso que combina agachamentos, flexões e saltos — na frente dos alunos, o que o deixou bastante constrangido. Esse episódio marcou o início de uma série de humilhações.

Em janeiro de 2025, o professor sofreu um furto de sua garrafa dentro da academia. Ao relatar o ocorrido, ele passou a ser ignorado pela gerente, que se recusou a responder mensagens e evitou interações diretas. Nesse mesmo mês, o professor teve acesso a conversas no computador da gerência que comprovavam um padrão de assédio por parte da gerente e do diretor de operações da rede.

O computador utilizado pelos gestores é compartilhado entre os funcionários, e a gerente costumava permitir que o professor usasse seu WhatsApp web nesse equipamento. Em uma ocasião, enquanto tentava resolver um problema técnico, o professor viu mensagens entre os gestores que indiciavam a intenção de forçá-lo a pedir demissão.

Prints dessas conversas foram anexados ao processo judicial e revelam termos depreciativos e homofóbicos dirigidos ao professor, como “viadinho”, “safado” e “vagabundo”. O diretor também incentivava medidas que prejudicavam o professor, como retirar suas aulas de abdominal, com o objetivo de reduzir seu salário. Além disso, foram feitas ameaças de cancelamento de férias e simulações de sua rescisão contratual.

O docente expressou sua indignação ao relatar que, mesmo após ter sido vítima de furto, foi tratado como se fosse o culpado. Em uma troca de mensagens, a gerente chegou a mencionar que daria uma advertência ao professor por um atraso de apenas dois minutos e fez comentários ofensivos sobre ele.

De acordo com o professor, o ambiente de trabalho era hostil, e a gerente tinha um comportamento grosseiro, o que já gerava reclamações, inclusive, por parte dos clientes. A situação agravou-se quando, ao chegar para trabalhar, ele teve seu acesso à academia bloqueado, sem qualquer aviso. Pouco tempo depois, recebeu a notícia de sua demissão.

A vítima formalizou uma queixa criminal contra a gerente e o diretor com base em assédio moral, perseguição e injúria homofóbica, crime que é punido pela legislação brasileira desde que a homofobia foi equiparada ao racismo pelo Supremo Tribunal Federal.

Até o momento, a gerente e o diretor não se manifestaram sobre o caso. A equipe de reportagem tentou contato com a academia, mas a responsável não estava presente e deixou recados com outros funcionários. O espaço permanece aberto para esclarecimentos.

Editorial Noroeste

Conteúdo elaborado pela equipe do Folha do Noroeste, portal dedicado a trazer notícias e análises abrangentes do Noroeste brasileiro.

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