IOF é ‘grande derrota para governo Lula’, diz cientista político

O professor e cientista político Paulo Niccoli Ramirez destacou, em uma recente entrevista, que a rejeição do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) no Congresso Nacional representa uma significativa derrota para o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. A proposta, que visava reduzir o déficit fiscal e garantir investimentos em programas sociais, foi reprovada em uma votação marcada por um baixo comparecimento de parlamentares.

Ramirez criticou o fato de que o mesmo Congresso que se opôs ao aumento do IOF também rejeitou propostas para elevar a tributação sobre os mais ricos e para transações superiores a R$ 5 mil feitas pelo serviço de pagamento digital Pix. Ele ressaltou que o peso das dificuldades financeiras geralmente recai sobre as camadas mais pobres da sociedade.

O professor apontou que essa resistência à taxação dos mais abastados reflete uma estratégia política que prioriza os interesses das elites econômicas. Segundo ele, existe uma incoerência entre parlamentares que criticam o gasto público, mas que não se manifestam contra os subsídios dados ao agronegócio ou sobre a elevada taxa de juros aplicada ao pagamento da dívida pública, considerando que o Banco Central, embora autônomo, enfrenta pressões do mercado.

Na mesma entrevista, Ramirez comentou que a atuação do Congresso, somada a uma ofensiva da extrema direita nas redes sociais e na mídia, parece ter como objetivo enfraquecer a imagem do presidente Lula em meio à aproximação das eleições presidenciais de 2026. Esses grupos estariam aproveitando a situação para tentar garantir que um representante de seus interesses ascenda ao poder.

Entretanto, ele também indicou que essa estratégia pode ter consequências contrárias, uma vez que Lula tem se envolvido mais ativamente em sua futura campanha política, aumentando a frequência de entrevistas e reforçando suas posições contra o chamado “centrão”. Ramirez acredita que Lula, como principal porta-voz do seu governo, tem habilidade para convencer a população.

Para o cientista político, a solução para reverter o cenário atual passa pela eleição de representantes comprometidos com uma política tributária mais justa. Ele enfatizou que a mudança verdadeira só pode ocorrer com a escolha de políticos progressistas, que busquem de fato a reforma da contribuição tributária no país.