Gasolina a R$ 12? Como a guerra no Irã altera preço de combustível

As notícias que chegam do Oriente Médio são alarmantes. A escalada da guerra no Irã, com um envolvimento cada vez mais direto dos Estados Unidos, parece, para muitos de nós aqui no Brasil, uma realidade distante, uma tragédia que assistimos com preocupação, mas que acontece do outro lado do mundo.
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Mas, o que a maioria dos brasileiros não sabe é que essa guerra acontece exatamente em cima da “jugular” do petróleo mundial: o Estreito de Ormuz.
Qualquer ameaça de fechamento dessa passagem estratégica faz o preço do barril de petróleo disparar no mercado internacional, gerando uma onda de choque que viaja o mundo e chega, invariavelmente, ao nosso bolso.
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E a verdade mais cruel e injusta é que essa “bomba” de preços, que já foi acionada, não vai explodir no Brasil de forma uniforme.
Enquanto uma parte do país estará temporariamente protegida, outra, especialmente o Norte e o Nordeste, sentirá o impacto primeiro e com uma força devastadora, transformando o ato de encher o tanque em um verdadeiro pesadelo financeiro.
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O ‘alvo’ principal: por que o Norte e o Nordeste vão sofrer primeiro?
A resposta para essa desigualdade está no mapa das refinarias do Brasil. As regiões Norte e Nordeste são, em grande parte, abastecidas por refinarias privadas, como a de Mataripe, na Bahia, que hoje pertence à Acelen.
Essas empresas compram o petróleo no mercado internacional, pagando o preço do barril em dólar, que está em alta por causa da guerra.
Elas não têm outra escolha a não ser repassar esse custo, de forma imediata e integral, para os postos de combustível. Para o consumidor nordestino, a gasolina pode ficar mais cara da noite para o dia.
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O ‘escudo’ da Petrobras: uma proteção temporária para o resto do país
Enquanto isso, a maior parte das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste vive uma realidade diferente. Elas são majoritariamente abastecidas pela Petrobras.
A estatal, por sua natureza e política de preços, não repassa as flutuações internacionais do petróleo de forma imediata para as suas refinarias.
Ela funciona como um “escudo”, um amortecedor que segura o impacto inicial. Isso significa que, enquanto o preço na bomba pode explodir no Nordeste, os motoristas do Sudeste podem levar semanas, ou até meses, para sentir o aumento de forma mais pesada.
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Mas não se engane: a conta, uma hora, chega para todos
É crucial entender que o “escudo” da Petrobras não é infinito. Ele pode adiar o problema, mas não eliminá-lo. Se a guerra no Irã se prolongar e o preço do petróleo se mantiver em um patamar elevado por muito tempo, será insustentável para a Petrobras não repassar esse custo.
Os reajustes virão, talvez de forma mais gradual, mas virão. O que veremos no curto prazo, portanto, é um cenário bizarro: um Brasil com dois preços para a gasolina.
Um, mais caro, para o Norte e Nordeste, que sentirão o impacto da guerra em tempo real. E outro, temporariamente mais barato, para o resto do país. Mas, no fim das contas, a “bomba” iraniana é uma ameaça para o tanque de todos nós.
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