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Governo do DF desmantela mais de 60 moradias no Sol Nascente

Nos dias 16 a 18 de outubro, o Governo do Distrito Federal realizou uma operação que resultou na demolição de mais de 60 moradias na comunidade Fazendinha, localizada na região de Sol Nascente. Esta área é considerada uma das mais vulneráveis do Distrito Federal e uma das maiores favelas do país. A operação deixou várias famílias desalojadas e se tornou marcada por grande tensão.

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Durante a ação, a polícia utilizou balas de borracha, gás lacrimogêneo e spray de pimenta para dispersar os moradores, entre os quais havia grávidas, idosos e crianças que tentavam resistir à derrubada de suas casas. Além das moradias, postes, cercas e fossas sépticas também foram demolidos, resultando em cortes no fornecimento de energia elétrica e água, piorando ainda mais a situação dos moradores, já em condições precárias.

Moradores relataram que não receberam nenhum aviso sobre o despejo, o que gerou pânico e confusão. Um residente afirmou em um vídeo que a abordagem da polícia foi desumana: “Eles trataram nossas famílias, nossas crianças, tudo na base da bala. Isso não pode acontecer.”

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Susana Souza, líder comunitária e membro do Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD), descreveu a operação como uma violação dos direitos humanos, destacando o sofrimento das famílias afetadas. Segundo ela, a comunidade foi atacada sem advertência prévia, causando desespero entre mães e crianças.

A ação também resultou em ferimentos. Uma assessora do deputado Gabriel Magno, que estava no local para apoiar as famílias, foi atingida por uma bala de borracha. O parlamentar declarou em uma rede social que o tratamento do governo sobre o direito à moradia é inaceitável e acusou a gestão atual de um ataque deliberado à população mais vulnerável.

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Outra figura importante, Irmã Marly, integrante da Congregação Jesus Crucificado, também foi agredida durante a ação. Ela afirmou que o tratamento dado à comunidade foi desrespeitoso e que diversas pessoas se machucaram, incluindo crianças.

O GDF justificou a operação alegando que as moradias na área eram irregulares e representavam um risco de inundações, dado que estão próximas a bacias de contenção. A Secretaria DF Legal ressaltou que a ocupação desorganizada da área poderia resultar em sérios danos em caso de cheia. No entanto, a justificativa não convenceu os moradores, que apontaram a falta de alternativas habitacionais como um grande problema. Susana questionou a verdadeira intenção da operação, afirmando que o governo não oferece suporte às famílias deixadas sem casa.

A Defensoria Pública do DF afirmou que está acompanhando a situação e se comprometeu a proteger os direitos das famílias afetadas, oferecendo atendimento jurídico e suporte para garantir moradia digna.

A Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa do DF destacou que o despejo foi realizado por se tratar de uma área ambientalmente sensível, seguindo um pedido do Ministério Público. No entanto, Keka Bagno, coordenadora da Comissão, enfatizou que as famílias desalojadas não são responsáveis pela grilagem de terras e não têm acesso a programas habitacionais.

Integrantes da comunidade relatam que a operação foi marcada por violência e falta de negociação. Uma moradora afirmou: “Nós lutamos muito pra construir isso aqui. Eles vieram sem papel, sem nada e derrubaram.” Outra líder do MTD reforçou que a ação não é um caso isolado, citando a destruição de uma horta comunitária em outra área do DF como um exemplo dos métodos autoritários do governo.

Assim, a situação na comunidade Fazendinha se configura em um contexto mais amplo de exclusão social, gerando preocupações sobre a abordagem do governo em relação às populações em situação de vulnerabilidade.

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Editorial Noroeste

Conteúdo elaborado pela equipe do Folha do Noroeste, portal dedicado a trazer notícias e análises abrangentes do Noroeste brasileiro.

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