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Morre Maria Augusta, autora famosa pelo luxo no carnaval do Rio

A carnavalesca Maria Augusta Rodrigues faleceu nesta sexta-feira, aos 83 anos. Nascida em 23 de janeiro de 1942, em São João da Barra, no Norte Fluminense, Maria Augusta se destacou no mundo do carnaval, tornando-se uma das poucas mulheres reconhecidas entre os grandes criadores dessa festa no Brasil, geralmente dominada por homens.

Maria Augusta se formou em Artes na Escola de Belas Artes da UFRJ. Em 1969, enquanto ajudava seu professor, o conhecido carnavalesco Fernando Pamplona, a decorar o Copacabana Palace para um baile de carnaval, recebeu um convite que mudaria sua vida. Arlindo Rodrigues, colega de Pamplona, a convidou para ir ao barracão da escola de samba Salgueiro, onde ela se tornou responsável pela decoração de um dos carros alegóricos. Esse momento marcou o início de uma carreira brilhante no carnaval.

Ao longo dos anos, Maria Augusta trabalhou ao lado de mestres da folia, como Pamplona e Arlindo, e ficou famosa por sua habilidade com as cores. Ela era professora de Teoria da Cor na EBA/UFRJ e era reconhecida por sua abordagem única, chamada de “luxo na cor”, que contrastava com o estilo “luxo do brilho” associado a outros carnavalescos renomados, como Joãosinho Trinta.

No Salgueiro, Maria Augusta colaborou em três enredos campeões: “Bahia de Todos os Deuses” (1969), “Festa para um Rei Negro” (1971) e “O Rei de França na Ilha de Assombração” (1974). Este último foi coassinado com Joãosinho Trinta. Em sua trajetória, Maria Augusta também conheceu a escola União da Ilha, onde, apesar de não conquistar títulos, criou enredos memoráveis, como “Domingo” (1977) e “O Amanhã” (1978). Esses enredos se destacaram pela criatividade e simplicidade, caracterizando a escola como “bom, bonito e barato”. “Domingo” foi inspirado em suas experiências de infância, quando visitava seus avós em dias de festa.

Maria Augusta valorizava a essência do carnaval e dizia que ele fazia parte de sua vida desde a infância. Ela lembra com carinho das festas de sua juventude, que influenciaram seu trabalho como carnavalesca. Sua crença mística também esteve presente em sua trajetória, especialmente após seu trabalho no enredo “Bahia de Todos os Deuses”, quando se aprofundou na umbanda e no candomblé.

Além de Salgueiro e União da Ilha, Maria Augusta trabalhou em outras escolas, como Paraíso do Tuiuti e Beija-Flor. Ao ser convidada para substituir Joãosinho Trinta na Beija-Flor, apresentou o enredo “Uni-duni-tê”, que, embora não tenha conquistado um título, rendeu um terceiro lugar.

Recentemente, Maria Augusta foi homenageada pelo Prêmio Estandarte de Ouro e teve seu trabalho destacado na escola mirim Aprendizes do Salgueiro, que escolheu um enredo em sua honra. A contribuição de Maria Augusta ao carnaval brasileiro será sempre lembrada, não apenas por sua arte, mas por sua habilidade de celebrar a cultura e a alegria através da folia.

Editorial Noroeste

Conteúdo elaborado pela equipe do Folha do Noroeste, portal dedicado a trazer notícias e análises abrangentes do Noroeste brasileiro.

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