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Estudo aponta risco de grilagem em florestas do Brasil

Um levantamento recente do Observatório das Florestas Públicas, divulgado nesta quinta-feira (5), aponta que aproximadamente 10,2 milhões de hectares de Florestas Públicas Não Destinadas (FPNDs) na Amazônia estão em alto risco de grilagem. Para se ter uma ideia, essa área corresponde ao tamanho do estado de Santa Catarina. O estudo indica que essas terras apresentam registros irregulares no Cadastro Ambiental Rural (CAR), o que sugere tentativas de apropriação por grandes proprietários.

A análise foi realizada pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), em parceria com o movimento Amazônia de Pé. As FPNDs são áreas públicas que ainda não têm uma destinação oficial, tornando-se mais vulneráveis a crimes como desmatamento, garimpo e grilagem. O levantamento evidencia que muitas dessas terras possuem registros no CAR que envolvem mais de 15 módulos fiscais, ou seja, áreas superiores a 1.500 hectares. Isso sugere a atuação de grandes proprietários ou grupos econômicos que buscam ocupar essas terras de maneira ilegal.

Rebecca Lima, pesquisadora do Ipam, esclarece que há uma relação entre o registro no CAR e o desmatamento nas áreas. Embora seja difícil determinar se o desmatamento ocorreu antes ou depois do registro, geralmente, desmatar grandes áreas requer um investimento significativo. Isso pode indicar que grupos com maior capital estão de olho nas terras, esperando uma oportunidade, como brechas na legislação, para se apropriar delas.

Além disso, o estudo alerta que a lentidão na destinação de 50,2 milhões de hectares na Amazônia – o que equivale à área do estado da Bahia – pode resultar na emissão de 19,1 bilhões de toneladas de CO₂ até 2024. Esse número representa 51% de todas as emissões globais previstas para aquele ano.

O governo federal já iniciou o processo de destinação de 14 milhões de hectares de florestas públicas federais na Amazônia, mas até agora nenhuma área teve a regularização finalizada. Daniela Orofino, diretora do movimento Amazônia de Pé, destaca a importância de acelerar esse processo, respeitando os direitos de povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais. A conclusão da regularização antes da COP30, em particular, seria um sinal positivo para a comunidade internacional.

O boletim também revela que as áreas já destinadas enfrentam riscos. Dados indicam que 80% do desmatamento na Amazônia em 2025 ocorreu em florestas públicas federais. Entre janeiro e abril deste ano, mais de 37 mil hectares dessas áreas foram devastados por queimadas, com os estados do Pará, Amazonas e Roraima sendo os mais afetados.

Os dados mostram ainda um aumento alarmante de 192% no desmatamento em abril em comparação com março. Esse crescimento é motivo de preocupação, especialmente com a aproximação do período mais seco e com maior risco de queimadas na Amazônia, que ocorre entre junho e novembro. Assim, a situação continua exigindo atenção e ações eficazes para proteger a floresta e suas comunidades.

Editorial Noroeste

Conteúdo elaborado pela equipe do Folha do Noroeste, portal dedicado a trazer notícias e análises abrangentes do Noroeste brasileiro.

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