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Escolha de papa americano representa afronta a Trump, sugere cientista político

Novo Papa e a Relação com a Política dos EUA

A escolha do novo Papa Leão XIV, o primeiro estadunidense a assumir o cargo máximo da Igreja Católica, pode ser interpretada como uma crítica ao governo do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Essa análise é feita pelo cientista político Paulo Nicoli Ramirez, professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP). Ele sugere que a nomeação do novo papa seja um sinal de discordância com as políticas conservadoras do ex-presidente.

Ramirez observa que a escolha de um norte-americano para o papado é uma estratégia para discutir temas que contrariam as políticas de Trump, especialmente aquelas relacionadas a imigração e questões sociais, como o conflito em Gaza, que é apoiado pelos EUA. Segundo ele, a troca de protagonismo – de Trump para o novo papa – ilustra uma nova agenda e um foco em direitos humanos e justiça social.

Ele também lembra que a história da Igreja Católica já apresenta casos em que a escolha de papas teve impacto político. Por exemplo, a eleição do Papa João Paulo II durante a Guerra Fria foi uma resposta ao regime soviético, dado o forte catolicismo da Polônia.

Robert Francis Prevost, o novo papa, é conhecido por suas críticas às medidas de deportação em massa adotadas por Trump. Durante um encontro na Casa Branca, ele questionou o presidente de El Salvador sobre suas políticas, sinalizando seu descontentamento com práticas anti-imigratórias.

Apesar das críticas, Trump reagiu positivamente à nomeação do novo papa, mostrando apoio à escolha em suas redes sociais. Antes do conclave papal, ele até postou uma imagem sua, gerada por inteligência artificial, vestido de papa, o que provocou reações dentro da Igreja.

Crise entre Congresso e STF

Na mesma conversa, Ramirez comentou a crise atual entre o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF). Recentemente, os parlamentares aprovaram a suspensão de processos contra o deputado Alexandre Ramagem, que é investigado por seu envolvimento na tentativa de golpe de janeiro de 2023.

Segundo ele, essa ação faz parte de uma tentativa da bancada bolsonarista de proteger seus aliados e dificultar as investigações sobre os ataques à democracia. Ramirez enfatiza que as decisões sobre esses casos devem ser mantidas no STF, devido à sua importância para a soberania e a estrutura do Estado.

Ele critica propostas de anistia e afirma que o bolsonarismo é mais do que uma posição política: é uma distorção da realidade que ameaça a democracia e a liberdade de imprensa. Ele acredita que os bolsonaristas devem ser responsabilizados por suas ações.

Desinformação nas Redes Sociais

Ramirez também abordou os ataques digitais contra o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, destacando um vídeo do deputado Nikolas Ferreira. No vídeo, o deputado acusa o governo de “roubar aposentadorias” ao espalhar desinformações sobre fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

O cientista político critica a hipocrisia de Ferreira, que, segundo ele, ignora que essas práticas tiveram início durante o governo anterior. Ele observa que a extrema direita tem se mostrado habilidosa nas redes sociais, conseguindo promover suas narrativas mesmo sem a veracidade.

Ele observa que os problemas em relação a descontos indevidos em aposentadorias não devem ser vistos como falhas do presidente. No entanto, a oposição utiliza essas informações politicamente, especialmente visando futuras eleições.

Para enfrentar essa situação, Ramirez sugere que o governo deve melhorar sua comunicação e ser mais ágil nas respostas. Se não reagir rapidamente, a gestão corre o risco de perder apoio devido à propagação de fake news e manipulações nas redes sociais.

Editorial Noroeste

Conteúdo elaborado pela equipe do Folha do Noroeste, portal dedicado a trazer notícias e análises abrangentes do Noroeste brasileiro.

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