Conflito entre Israel e Irã pode impactar preço dos combustíveis no Brasil

O aumento das tensões entre Israel e Irã pode afetar diretamente o mercado internacional de petróleo, refletindo-se nos preços dos combustíveis no Brasil. Essa análise foi feita pelo economista Paulo Kliass em uma entrevista.

O Irã é um dos principais produtores de petróleo do mundo, extraindo cerca de 2,7 milhões de barris por dia. Com o agravamento do conflito, o preço do barril de petróleo subiu de US$ 61 para US$ 72 nos mercados futuros, que são as expectativas de preços de produtos que serão entregues no futuro. Embora o Brasil não faça parte da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), Kliass ressalta que o país sofre os impactos das flutuações do mercado internacional.

As mudanças nos preços do petróleo geralmente afetam diretamente os combustíveis, como gasolina, diesel, gás de cozinha e querosene de aviação no Brasil. O economista criticou o fato de que a política de preços de combustíveis, que foi implementada durante o governo de Michel Temer e mantida por Jair Bolsonaro, continua a vincular os preços internos às variações internacionais. Para Kliass, essa abordagem é inadequada, e a Petrobras deveria calcular os preços com base em seus custos internos, visto que o Brasil possui capacidade de produção própria de petróleo.

Caso o conflito no Oriente Médio se intensifique, é possível que o país enfrente novos aumentos nos preços dos combustíveis e consequentemente impactos na inflação. Embora o cenário ainda seja incerto, Kliass sugere que uma eventual negociação ou recuo por parte de Israel pode trazer alguma estabilidade ao mercado.

Vale lembrar que, mesmo com a recente alta dos preços, os valores atuais estão inferiores aos pico de 2022, quando o barril chegou a ser negociado a até US$ 130.

Esse contexto ressalta a complexidade do mercado de petróleo e como os conflitos internacionais podem ter efeitos diretos na economia brasileira.