A cidade surreal no meio do nada que virou a Hollywood brasileira

Escondida no coração do sertão da Paraíba, existe uma cidade que desafia a lógica. Um lugar com pouco mais de 5 mil habitantes, onde o tempo parece correr mais devagar, mas que se transformou em um dos maiores e mais cobiçados estúdios de cinema a céu aberto do Brasil. Este lugar se chama Cabaceiras, mas pode chamá-la pelo seu apelido de fama internacional: a “Roliúde Nordestina”.
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À primeira vista, Cabaceiras parece apenas mais uma pacata cidade do Cariri, com suas casas coloridas e ruas de paralelepípedo. Contudo, suas paisagens áridas e sua luz única guardam um segredo que atrai os maiores diretores do país.
Foi ali, naquele cenário improvável, que a magia do cinema brasileiro encontrou seu lar, transformando agricultores e marceneiros em estrelas de cinema da noite para o dia.
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O que começou como um pontapé de sorte com a gravação de um filme icônico, virou a principal vocação da cidade.
Hoje, Cabaceiras é um destino turístico obrigatório para os amantes da sétima arte e um lugar onde a ficção e a realidade se misturam de forma tão intensa que é impossível saber onde uma termina e a outra começa. Mas qual filme colocou essa cidade no mapa e como seus moradores vivem essa fama?
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O filme que mudou o destino de uma cidade para sempre
Tudo mudou no ano 2000. Foi quando a equipe de “O Auto da Compadecida”, a obra-prima de Ariano Suassuna, desembarcou em Cabaceiras.
As ruas da cidade se transformaram na fictícia Taperoá, e a igreja local virou o palco para as presepadas de João Grilo e Chicó.
O sucesso avassalador do filme colocou um holofote sobre a cidade que nunca mais se apagou. Desde então, mais de 50 produções, entre filmes, novelas e séries, foram gravadas ali.
- Locações icônicas: A igreja onde Chicó mente sobre o “gato que descome dinheiro” e o coreto da praça são paradas obrigatórias para os turistas.
- Letreiro famoso: Assim como sua “irmã” mais famosa nos EUA, a cidade tem seu próprio letreiro gigante com o nome “Roliúde Nordestina”, o ponto mais fotografado da região.
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Quando os moradores viram as verdadeiras estrelas
O mais fascinante de Cabaceiras é que o cinema não é feito apesar dos moradores, mas com eles. A cidade inteira se tornou um grande elenco de apoio. Quase todo mundo tem uma história para contar sobre sua participação em alguma produção.
Manoel Batista, marceneiro, virou especialista em cenas de tiroteio. José Carlos da Silva, agricultor, foi o “adestrador” oficial dos animais em “O Auto da Compadecida”.
Eles e tantos outros não são apenas figurantes; são a alma das produções, emprestando seus rostos, seus sotaques e sua verdade para as telas. Eles vivem a rotina de um set de filmagem com uma naturalidade que impressiona, transformando a arte em parte do seu cotidiano.
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Um cenário de outro mundo que atrai turistas
Mas não é só o centro histórico que faz de Cabaceiras um ímã para as câmeras. A cidade está localizada na região que menos chove no Brasil, o que lhe confere uma paisagem única e cinematográfica.
A poucos quilômetros dali, encontra-se o Lajedo de Pai Mateus, uma formação rochosa espetacular, com pedras gigantes e arredondadas que parecem ter sido esculpidas à mão em um cenário de outro planeta. Este lajedo já foi palco de inúmeras produções e é hoje um dos principais pontos turísticos da Paraíba.
Visitar Cabaceiras nestas férias de julho é mais do que uma viagem. É a chance de caminhar por cenários de filmes inesquecíveis, conversar com os “atores” locais e testemunhar a magia de um lugar onde o cinema é tão real quanto a vida.
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