‘Câmara não reflete a nação’ – Brasil de Fato

José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil e figura importante do Partido dos Trabalhadores (PT), defendeu a necessidade urgente de uma reforma eleitoral no Brasil. Durante a 5ª Feira Nacional da Reforma Agrária, realizada em São Paulo, Dirceu criticou a falta de representação adequada na Câmara dos Deputados, afirmando que “o Congresso não representa de fato a nação”. Ele destacou que o atual sistema eleitoral prejudica os partidos e causa confusão entre os eleitores.
O ex-ministro também comentou sobre a atuação do governo Lula em relação a fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), a saída do Partido Democrático Trabalhista (PDT) da base governista e as recentes mudanças na Esplanada dos Ministérios. Segundo Dirceu, essas alterações são normais e não indicam um enfraquecimento político do governo.
Em relação ao atual presidente da Câmara, Hugo Motta, Dirceu argumentou que a solução para a instabilidade política se dá por meio do voto. Ele destacou a importância de eleger mais deputados e senadores comprometidos com um projeto nacional, criticando a atual distorção na representação. Dirceu citou que estados com menor população têm o mesmo número mínimo de representantes que estados mais populosos, o que gera desigualdade. Ele exemplificou que, segundo o critério populacional, São Paulo deveria ter 116 deputados, mas essa situação é ignorada.
Dirceu enfatizou a necessidade de um novo sistema eleitoral, que deve incluir medidas como fidelidade partidária e a adoção de um sistema de voto em lista ou distrital misto, semelhante ao sistema da Alemanha. Ele ressaltou que o eleitor deve saber a quem e a que partido está votando, ao invés de apenas votar em candidatos desconhecidos.
Sobre a recente aprovação de um projeto de lei que suspende a investigação contra o deputado Alexandre Ramagem no Supremo Tribunal Federal (STF), Dirceu afirmou que isso não deve levar à impunidade dos envolvidos nos eventos de 8 de janeiro. Ele destacou que ações criminais fora do âmbito do mandato parlamentar não são abrangidas pela medida.
Dirceu também comentou a situação do INSS, afirmando que o problema é resultado de gestões anteriores e que é responsabilidade do governo atual corrigir as irregularidades. Ele viu a condução da situação pelo novo presidente do INSS como adequada e esperançosa em devolver valores aos aposentados afetados.
Quanto às mudanças feitas pelo presidente Lula em cargos importantes, Dirceu disse que não há motivo para insatisfação. Ele observou que reorganizações são comuns em administrações e que não é motivo para alarme.
Sobre a saída do PDT da base aliada, Dirceu minimizou o impacto, destacando que os senadores do partido continuam alinhados ao governo. Ele reiterou que a divergência em pontos específicos é normal e não deve romper os laços entre os partidos que compõem a coalizão.
Em um tom reflexivo, Dirceu mencionou que decidirá em breve sobre uma possível candidatura a deputado por São Paulo, mas por ora a prioridade é focar em governar e renovar o PT por meio do Processo de Eleições Diretas (PED).