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A arma secreta dos motoristas que a Uber tenta destruir na Justiça

A cena é um clássico da vida moderna. Você abre o aplicativo da Uber ou da 99, pede uma corrida e vê que há vários carros por perto. Mas, então, começa o drama. O aplicativo procura, procura… um motorista aceita e, segundos depois, cancela. Outro aceita e faz o mesmo. Você se irrita, se atrasa e se pergunta: “por que ninguém quer aceitar a minha corrida?”.

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Do outro lado da tela, o motorista vive um drama paralelo. Ele recebe a chamada: uma corrida curta, de 5 minutos, mas que exige um deslocamento de 10 minutos para te buscar no trânsito.

O valor oferecido pela plataforma mal paga a gasolina gasta nesse trajeto. Para ele, aceitar essa corrida é, literalmente, pagar para trabalhar.

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Mas, e se eu te dissesse que, para acabar com esse prejuízo, os motoristas desenvolveram uma “arma secreta”? Um aplicativo “pirata”, que funciona por cima do app da Uber, e que analisa cada chamada em uma fração de segundo, dizendo se a corrida é lucro ou cilada.

Essa ferramenta virou o centro de uma guerra silenciosa entre os motoristas e as gigantes da tecnologia, e pode ser a explicação para a sua longa espera.

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O ‘semáforo inteligente’: como funcionam os apps ‘rebeldes’

O nome de um desses aplicativos “rebeldes” é GigU (outro famoso é o Rebu). Eles funcionam como um consultor financeiro particular para o motorista, em tempo real. A mecânica é genial:

  1. O motorista cadastra seus custos: Ele informa o modelo do seu carro, o consumo de combustível, o preço da gasolina na sua cidade, etc.
  2. Ele define suas metas: O motorista estabelece o mínimo que aceita ganhar (por exemplo, R$ 2,00 por km rodado ou R$ 40,00 por hora).
  3. A mágica acontece: Quando uma chamada da Uber ou da 99 aparece na tela, o aplicativo “rebelde” sobrepõe um “semáforo inteligente”. Se a corrida for lucrativa, aparece uma luz verde. Se for mais ou menos, amarela. Se for prejuízo, vermelha.

Com essa ajuda, o motorista consegue, em um piscar de olhos, recusar as corridas ruins e aceitar apenas as que realmente valem a pena.

Veja mais: Moto sem CNH: quanto custa uma belezinha assim

O ‘efeito’ da arma: motoristas lucrando mais (e escolhendo corridas)

E a estratégia funciona. Uma pesquisa feita pela própria GigU, com mais de 210 mil motoristas, mostrou que o uso da ferramenta tem um impacto real no bolso.

No Rio de Janeiro, por exemplo, o lucro médio mensal de um motorista que usa o app chega a R$ 3.542,14. Isso prova que, ao escolher as corridas, o ganho aumenta.

E isso também explica por que aquela sua corrida curta, do shopping para casa, pode ser sistematicamente recusada: para o motorista, ela provavelmente acendeu a luz vermelha.

Veja mais: Operação “Capture” prende motorista de quadrilha em Ariquemes

A ‘guerra’ nos tribunais: a Uber contra-ataca para proibir os aplicativos

Como era de se esperar, a Uber não está nada feliz com essa “rebelião”. A gigante da tecnologia entrou na Justiça contra a GigU, acusando o aplicativo de concorrência desleal e uso indevido de dados.

A Uber alega que essas ferramentas interferem em seu ecossistema e prejudicam a experiência do usuário (o passageiro, que fica sem carro). O caso ainda está nos tribunais, aguardando perícias técnicas. De um lado, motoristas lutando por um lucro mais justo.

Do outro, a Uber tentando manter o controle total de sua plataforma. E, no meio dessa briga, estamos nós, os passageiros, apenas esperando que o próximo motorista, finalmente, aceite a nossa corrida.

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Rodrigo Campos

Jornalista, pós-graduado em Comunicação e Semiótica, graduando em Letras. Já atuou como repórter, apresentador, editor e âncora em vários veículos de comunicação, além de trabalhar como redator e editor de conteúdo Web.

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