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O macho da abelha foi exilado do dicionário e ganhou outro nome

A cena é clássica, seja em uma conversa de amigos ou explicando o mundo para uma criança. Você vê uma abelha e diz: “olha, A abelha”. E então, a pergunta que gera um “bug” no cérebro de todo falante de português surge: “mas… e se for macho? É O abelho?”. A lógica parece perfeita. Afinal, temos o gato e a gata, o cachorro e a cachorra. Por que a abelha seria diferente?

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Você procura no dicionário e não encontra. Pergunta para os amigos e ninguém sabe ao certo. A sensação é de que a língua portuguesa cometeu um erro, de que simplesmente se esqueceu de criar uma palavra para o masculino da abelha, deixando um vácuo inexplicável na gramática.

Mas, e se eu te dissesse que o macho da abelha não foi esquecido, mas sim… “exilado”? E se, por razões que envolvem a complexa organização social de uma colmeia, ele tivesse ganhado uma identidade completamente nova, um outro nome que todo mundo conhece, mas que quase ninguém associa a ele?

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Prepare-se, pois o “abelho” não existe, mas o macho da abelha está por aí, e você o conhece muito bem.

O ‘exilado’: o macho da abelha se chama zangão

Sim, é isso mesmo. O masculino de “abelha” é zangão. Não se trata de uma gíria ou de um apelido, mas do termo correto e oficial.

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No português, este é um caso de heteronímia, que é quando usamos palavras completamente diferentes para nos referirmos ao macho e à fêmea de uma mesma espécie. É o mesmo fenômeno que acontece com:

  • Boi e Vaca
  • Cavalo e Égua
  • Galo e Galinha
  • Homem e Mulher

A palavra “abelho”, portanto, não existe e nunca existiu. O macho sempre foi o zangão.

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Mas por que essa ‘crise de identidade’? A culpa é da colmeia

A razão para essa diferença de nomes não é aleatória, mas sim um reflexo perfeito da biologia e da organização social desses insetos. Uma colmeia é, na prática, um império matriarcal.

  • As Fêmeas (as Abelhas): A rainha, que comanda tudo, e as operárias, que constroem a colmeia, coletam o néctar, produzem o mel e defendem o enxame, são todas fêmeas. Elas são a esmagadora maioria e as responsáveis por todo o trabalho.
  • Os Machos (os Zangões): Os zangões são poucos, não trabalham, não produzem mel e não têm ferrão. Sua única e exclusiva função na vida é uma: fecundar a rainha durante o voo nupcial, um ato que, aliás, lhes custa a vida.

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Como a figura da fêmea é a central e a mais numerosa, a palavra “abelha” se consolidou como o termo genérico para a espécie. O macho, com sua função tão específica e, convenhamos, uma vida de “rei preguiçoso”, ganhou um nome próprio.

A diferença para a ‘borboleta’: quando o bicho não muda de nome

É importante não confundir o caso da abelha com o de outros animais. A borboleta, por exemplo, não tem um nome diferente para o macho. Ela é o que chamamos de substantivo epiceno, uma palavra de um só gênero que serve para os dois sexos. Para diferenciar, somos obrigados a usar as palavras “macho” e “fêmea” na frente. Outros exemplos são “a cobra” (macho/fêmea) e “o jacaré” (macho/fêmea). No caso da abelha, o “exílio” foi tão completo que ela nem precisa dessa ajuda: o macho ganhou um nome só para ele.

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Rodrigo Campos

Jornalista, pós-graduado em Comunicação e Semiótica, graduando em Letras. Já atuou como repórter, apresentador, editor e âncora em vários veículos de comunicação, além de trabalhar como redator e editor de conteúdo Web.

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