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Seu carro virgem pode ser uma armadilha e o rodado seu amigo

Na hora de comprar ou vender um carro usado, existe um número que é tratado como uma divindade, um oráculo sagrado que define o destino do negócio: a quilometragem no odômetro. Nós aprendemos desde cedo a venerar os carros “pouco rodados” e a fugir dos “muito rodados” como se fossem uma praga.

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Um número baixo no painel traz um alívio imediato; um número alto, uma desconfiança instantânea.

O sonho de consumo de todo comprador de usado é encontrar aquela raridade: o “carro de garagem”, daquela senhorinha que só usava o veículo para ir à missa aos domingos.

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Um carro com 5, 10 anos de uso, mas com ridículos 20.000 km rodados. Parece o negócio perfeito, a compra mais segura e inteligente que alguém poderia fazer, não é mesmo?

Mas, e se eu te dissesse que essa crença, esse dogma do mercado, pode ser a maior mentira que já te contaram? E se esse carro “virgem”, que parece uma joia, for na verdade uma bomba-relógio prestes a explodir no seu bolso?

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E se aquele outro carro, com 100.000 km, for uma opção muito mais segura e confiável? Prepare-se, pois o número no odômetro conta uma história, mas não é a que você foi ensinado a ler.

O ‘câncer’ do carro parado: por que a baixa quilometragem engana

Um carro não foi feito para ficar parado. Ele é uma máquina complexa, cheia de fluidos e peças de borracha que precisam de movimento para se manterem saudáveis.

Quando um veículo fica longos períodos na garagem, ele desenvolve um tipo de “câncer” silencioso, uma série de problemas que não aparecem em uma olhada rápida, mas que custam caro para consertar.

  • As peças de borracha ressecam: Mangueiras, selos e juntas do motor perdem a elasticidade e começam a rachar, gerando vazamentos.
  • Os fluidos perdem a validade: O óleo do motor, o fluido de freio e até a gasolina envelhecem e perdem suas propriedades, podendo danificar componentes caros.
  • A bateria morre: Uma bateria que não é usada regularmente perde sua capacidade de reter carga e te deixará na mão.
  • O sistema de freios trava: A umidade pode causar ferrugem nos discos e travar as pinças de freio por falta de uso.

Veja mais: Você está destruindo seu carro no posto; o segredo da calibragem dos pneus

O ‘bom’ rodado: quando um carro com alta quilometragem é um bom negócio

Do outro lado da moeda, um carro com quilometragem mais alta (dentro da média de 10.000 a 20.000 km por ano no Brasil) pode ser um achado. Principalmente se essa quilometragem foi acumulada em estradas.

Rodar em rodovias desgasta muito menos o carro do que o “anda e para” do trânsito da cidade. O motor trabalha na sua temperatura ideal, o câmbio faz menos trocas e a suspensão sofre menos. Nesses casos, o mais importante não é o número no painel, mas sim o histórico de manutenção.

Veja mais: Argentina autoriza importação de carros por pessoas físicas

Um carro com 100.000 km, mas com todas as revisões carimbadas no manual, trocas de óleo em dia e cuidado pelo dono, é infinitamente mais confiável do que o “carro de garagem” de 20.000 km que ficou abandonado e sem cuidados.

O manual do detetive: como avaliar um carro além do odômetro

Para não cair na armadilha da quilometragem, você precisa agir como um detetive. O odômetro é apenas uma pista, e nem sempre a mais importante.

  1. Peça o ‘RG’ do carro: O histórico de manutenção é o documento mais importante. Notas fiscais de serviços, manual com carimbos de revisão… tudo isso vale mais do que um número baixo no painel.
  2. Compare o desgaste: Um carro com baixa quilometragem, mas com o volante, os pedais e o banco do motorista muito gastos, é um sinal de alerta. Pode indicar que ele rodou muito em trânsito pesado ou que a quilometragem foi adulterada.
  3. Contrate um ‘perito’: A regra de ouro é: não importa o que o odômetro ou o dono digam, sempre leve o carro a um mecânico da sua confiança antes de fechar negócio. Uma avaliação profissional é o melhor dinheiro que você pode gastar para evitar um prejuízo gigantesco no futuro.

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Rodrigo Campos

Jornalista, pós-graduado em Comunicação e Semiótica, graduando em Letras. Já atuou como repórter, apresentador, editor e âncora em vários veículos de comunicação, além de trabalhar como redator e editor de conteúdo Web.

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