A busca pelo direito à alimentação saudável

Maio Verde: Conscientização sobre Doença Celíaca e Direito à Alimentação Adequada
O mês de maio é dedicado à conscientização sobre a doença celíaca, uma condição autoimune que surge com a ingestão de glúten, uma proteína encontrada em alimentos como trigo, cevada e centeio. Este é um momento importante para discutir o direito à alimentação adequada, especialmente para os milhões de brasileiros que convivem com essa doença.
Cerca de 1% da população mundial é afetada pela doença celíaca, o que, segundo a Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil (FENACELBRA), se traduz em aproximadamente 2 milhões de pessoas no país. Infelizmente, cerca de 80% dessas pessoas ainda não foram diagnosticadas, o que é alarmante.
O diagnóstico da doença celíaca envolve uma combinação de avaliações clínicas e exames laboratoriais. Os sintomas da doença podem ser variados e, muitas vezes, são confundidos com outras condições, o que dificulta o diagnóstico. Após a confirmação da doença, os pacientes enfrentam um novo desafio: garantir uma alimentação segura, livre de glúten, e evitar a contaminação cruzada, que ocorre quando alimentos sem glúten entram em contato com utensílios ou superfícies contaminadas.
Um caso recente em Araucária, no Paraná, evidenciou a dificuldade em garantir uma alimentação adequada para crianças celíacas. Uma mãe foi questionada por enviar lanche de casa para sua filha de 9 anos, que é celíaca. O Conselho de Alimentação Escolar chegou a notificar o Ministério Público, enquanto a mãe tentava assegurar que sua filha tivesse refeições seguras na escola, após os exames indicarem contaminação nos alimentos fornecidos pela instituição. A situação revela a falta de compreensão das autoridades sobre a complexidade da doença e os desafios enfrentados por essas famílias.
Em vez de receber apoio, a mãe se deparou com questionamentos das instituições que deveriam garantir os direitos de sua filha. Esse episódio destaca a necessidade urgente de políticas públicas que protejam o direito à saúde e à alimentação adequada para todos, especialmente para aqueles que vivem com a doença celíaca.
Vale ressaltar que a dieta sem glúten não é uma opção para quem tem doença celíaca, mas uma necessidade vital, pois é a única maneira de controlar a doença. Contudo, os produtos seguros para essas pessoas costumam ser mais caros e o acesso a estabelecimentos livres de contaminação cruzada ainda é restrito.
Neste cenário, foi proposta uma isenção de impostos sobre farinhas e pães sem glúten. A ideia é tornar esses produtos mais acessíveis, já que os similares que contêm glúten já possuem isenções fiscais. A proposta já recebeu o apoio necessário e será enviada à Comissão de Direitos Humanos para discussão no Senado.
Assim, neste Maio Verde, a luta pela inclusão e pela informação é fundamental. A alimentação adequada e segura deve ser um direito garantido a todos, especialmente para aqueles cuja saúde depende dela.