Ultimato da China a rebeldes pode impactar fornecimento de terras raras

Conflito em Mianmar Ameaça Cadê de Terras Raras com China
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A China manifestou a possibilidade de bloquear a importação de terras raras extraídas de áreas controladas por rebeldes em Mianmar, o que pode impactar diretamente a cadeia global de suprimentos desses minerais estratégicos. A situação envolve o Exército de Independência Kachin (KIA), que luta pela autonomia do povo Kachin e está em conflito com a junta militar em Mianmar, especialmente na cidade de Bhamo, situada a menos de 100 quilômetros da fronteira chinesa.
Atualmente, quase metade do fornecimento mundial de terras raras pesadas, como disprósio e térbio, vem do estado de Kachin, onde o KIA assumiu o controle das principais minas desde outubro de 2024. Esses minerais são essenciais para a fabricação de ímãs utilizados em turbinas eólicas, veículos elétricos e equipamentos de defesa, todos setores cruciais para a economia chinesa. A ofensiva do KIA resultou em uma queda na produção e um aumento significativo nos preços das terras raras.
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Bhamo é uma cidade importante para a logística da junta militar que governa Mianmar. A ofensiva do KIA tem como objetivo desestabilizar o controle militar sobre rotas comerciais e pontos estratégicos. A China, que domina o processamento de terras raras a nível global, tem se oposto veementemente ao avanço do KIA e chegou a emitir um ultimato ao grupo: interromper os ataques a Bhamo ou sofrer um bloqueio nas exportações minerais.
Em maio, durante uma reunião, diplomatas chineses transmitiram esse alerta ao KIA. Além da ameaça, a China ofereceu incentivos comerciais, propondo a ampliação do comércio com os territórios sob controle rebelde. No entanto, o KIA recusou a oferta e continuou com seus ataques.
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Informações da alfândega chinesa indicam que, nos primeiros cinco meses de 2025, as importações de terras raras de Mianmar totalizaram 12.944 toneladas, o que representa metade do volume do mesmo período do ano anterior. Apesar da queda, houve um aumento de mais de 20% nas importações entre abril e maio, o que sugere que a situação ainda é instável e pode levar a um déficit no mercado caso o conflito continue.
Desde o golpe militar em Mianmar, em 2021, o país vive uma guerra civil. A junta militar perdeu controle sobre parte do território para grupos armados étnicos, entre eles o KIA, que conta com cerca de 15 mil combatentes e é uma das facções mais organizadas. Especialistas acreditam que, apesar das ameaças da China, o KIA pode continuar a abastecer os mercados com esses minerais, devido à demanda industrial da China.
Os conflitos em Bhamo causaram destruição significativa, com o KIA conseguindo isolar unidades militares. Contudo, a junta militar mantém a superioridade no ar e tem realizado bombardeios em áreas urbanas. Imagens de satélite demonstram danos severos em consequência dos ataques aéreos, que resultaram na morte de civis, incluindo crianças, e na destruição de escolas e locais de culto.
A liderança do KIA acredita que a captura de Bhamo pode mudar o rumo da guerra. O controle total do estado de Kachin, segundo eles, forçaria a China a negociar diretamente com os rebeldes, reduzindo a influência da junta. Entretanto, ativistas locais alertam para as consequências humanitárias do conflito, como a escassez de combustíveis e medicamentos enfrentada pela população devido às restrições na fronteira.
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