Conheça a cadela de três patas que deu origem ao último desejo de Mujica

José Mujica e Manuela: uma história de amor e lealdade
José Mujica, ex-presidente do Uruguai, teve ao seu lado uma amiga fiel por mais de 20 anos: sua cadela Manuela. A relação entre os dois foi além das questões políticas, formando um laço profundo que marcou a vida de Mujica. Após a morte da cadela, em 2018, ele expressou seu desejo de ter suas cinzas espalhadas no mesmo local onde Manuela está enterrada, em sua chácara localizada em Rincón del Cerro, na periferia de Montevidéu.
Manuela era filha da cadela da irmã de Lucía Topolansky, esposa de Mujica. O nome dela foi escolhido por uma vizinha, em homenagem à tartaruga chamada Manuelita, de uma conhecida canção infantil argentina. Mesmo sem pedigree, a cadela tinha características da raça Foster e se tornou a “rainha da casa” após a morte da primeira cadela do casal, uma pastora alemã que foi envenenada.
Um dos momentos marcantes da vida de Manuela ocorreu quando ela perdeu uma das patas. Enquanto acompanhava Mujica em suas atividades rurais, foi perseguida por outros cães e acabou sendo atingida por um trator que o ex-presidente estava dirigindo. Apesar do acidente grave, Manuela sobreviveu e continuou sendo parte fundamental da família, desfrutando de privilégios como dormir ao lado da cama do casal.
A conexão entre Mujica e Manuela era tão intensa que a cadela demonstrava tristeza quando ele estava ausente. Durante um mês em que Mujica ficou internado, Manuela esperou por ele com evidente ansiedade, demonstrando alegria ao reencontrá-lo. Mujica, por sua vez, cuidava pessoalmente da alimentação da cadela, adaptando sua dieta com muito carinho.
Manuela esteve presente em muitos momentos importantes da vida pública de Mujica, acompanhando-o em reuniões, eventos oficiais e entrevistas. Sua presença se tornou um símbolo da simplicidade e lealdade que caracterizavam a atuação do ex-presidente, que sempre priorizou o amor pelos animais em meio às complexidades da política.
Após a perda de Manuela, Mujica decidiu se afastar do Senado, revelando em entrevistas o quanto sentia falta de sua companheira. Em uma conversa no final de 2024, ele reafirmou seu desejo de ter suas cinzas depositadas ao lado da cadela, refletindo sobre o forte vínculo que compartilhavam.
Durante a mesma entrevista, Mujica compartilhou suas reflexões sobre a vida, afirmando não acreditar em Deus e descrevendo a existência como “a aventura das moléculas”. Apesar de suas crenças, ele expressou a esperança em um possível “além”, enfatizando seu apego à simplicidade e à natureza.