Número de pessoas envolvidas em conflitos por terra sobe para 900 mil em 2024

Conflitos por Terras no Brasil Atingem 904 Mil Pessoas em 2024
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Os conflitos por terras no Brasil afetaram cerca de 904 mil pessoas em 2024, segundo o relatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgado recentemente. Este valor é um aumento significativo em relação a 2023, quando 792 mil pessoas foram impactadas, resultando em 13 assassinatos durante esses confrontos.
Embora o número total de conflitos tenha caído de 2.250 em 2023 para 2.185 em 2024, a magnitude do impacto sobre a população continua alarmante. A maior parte dos conflitos envolve ações violentas contra ocupantes e possuidores de terra, incluindo despejos, ameaças, destruição de propriedades e tiroteios.
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O relatório identifica os fazendeiros como os principais responsáveis por essas violências, com 44% dos casos de litígios relacionados à terra registrados, totalizando 739 ocorrências. Além disso, eles são também apontados como os maiores causadores de incêndios (47%) e de desmatamento ilegal (38%).
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Entre os grupos mais vulneráveis, os povos indígenas são os que mais sofrem, representando 29% dos casos de violência. Os posseiros e quilombolas também enfrentam um aumento significativo de conflitos, com 425 e 221 casos, respectivamente. No Maranhão, por exemplo, comunidades tradicionais relataram 22 novos casos.
Dom Ricardo Hoepers, secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), ressaltou a importância do trabalho da CPT para dar visibilidade ao sofrimento e às demandas das populações mais marginalizadas, em linha com a mensagem de inclusão e solidariedade do Papa Francisco.
Além disso, o relatório alerta sobre a atuação do grupo intitulado “Movimento Invasão Zero”, composto por grandes fazendeiros e apoiadores do agronegócio. Esse grupo tem sido associado a ações violentas contra famílias que vivem em acampamentos e tentam retomar terras. Um caso notório é o assassinato de Maria Fátima Muniz de Andrade, conhecida como Nega Pataxó, ocorrido em janeiro de 2024, que envolveu um fazendeiro ligado a esse movimento.
O documento aponta que, além das ações diretas, o grupo exerce influência no Congresso, propondo leis que visam a criminalização das ocupações de terras e a retomada de posse por comunidades tradicionais.
Estados como Goiás, Maranhão, Bahia, Espírito Santo, Paraná, Pará e Pernambuco foram cenários de ataques atribuídos ao Movimento Invasão Zero. Em outras regiões, como Mato Grosso e Ceará, outros grupos de fazendeiros também coordenaram ações suspeitas de violência.
Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, presidente da CPT, alertou que a conexão entre esses grupos e parlamentares torna o legislativo parte da problemática da violência no campo. Ele mencionou ainda a legislação sobre a demarcação de terras indígenas como um ponto gerador de conflitos.
A CPT defende que a reforma agrária é fundamental para resolver essas questões e garantir direitos a trabalhadores rurais, indígenas e quilombolas, evitando assim futuras violências.
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