Febre oropouche, antes na Amazônia, se expande pelo Brasil

A febre oropouche, até 2023 considerada uma doença restrita à Região Amazônica, agora se espalhou por diversas partes do Brasil, com um aumento alarmante de casos. Neste ano, o Espírito Santo se destacou como o estado com o maior número de diagnósticos, totalizando 6.318 registros. No total, já foram confirmados 11.805 casos em 18 estados e no Distrito Federal, com cinco mortes registradas — quatro no Rio de Janeiro e uma no Espírito Santo — além de duas outras mortes que estão sendo investigadas.
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Os dados de 2023 mostram um aumento contínuo nos casos, superando os números do ano passado, quando foram registrados 13.856 casos. Além disso, o número de mortes já ultrapassa o de 2022, que contabilizou quatro óbitos. A febre oropouche é causada pelo vírus transmitido pelo mosquito Culicoides paraensis, conhecido popularmente como maruim ou mosquito-pólvora. Os sintomas incluem febre, dores de cabeça, musculares e articulares, semelhantes aos da dengue e chikungunya.
A infecção também pode trazer sérias complicações para gestantes, como microcefalia e malformações no feto, levando o Ministério da Saúde a alertar as mulheres grávidas nas áreas afetadas a tomarem precauções redobradas contra picadas de mosquito. Embora não tenha sido confirmada a transmissão do vírus por via sexual, recomenda-se o uso de preservativos por pessoas que apresentem sintomas da doença.
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Pesquisadores identificaram uma nova linhagem do vírus que se originou no Amazonas e se espalhou pela Região Norte, o que ajudou a explicar a proliferação da doença em todo o Brasil. O especialista Felipe Naveca, do Instituto Oswaldo Cruz, destaca que áreas de desmatamento recente em estados como Amazonas e Rondônia facilitaram essa disseminação. As condições climáticas, como secas e enchentes, também influenciaram o aumento da população do vírus, indicando uma relação direta com as mudanças ambientais e eventos climáticos extremos como o El Niño.
Em resposta ao surto, o Ministério da Saúde intensificou o monitoramento da febre oropouche e está desenvolvendo estratégias de controle do vetor em parceria com instituições como a Fiocruz e a Embrapa. Estão sendo realizados estudos para o uso de inseticidas e campanhas de conscientização sobre proteção individual e eliminação de possíveis criadouros do mosquito.
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O Espírito Santo, com sua população de mais de 4 milhões de habitantes, enfrenta um momento delicado, considerando que muitos de seus 78 municípios possuem características periurbanas e áreas de plantação que favorecem a reprodução do maruim. As autoridades locais identificaram que os primeiros casos coincidiram com a colheita do café, quando trabalhadores de outras regiões se deslocam para as lavouras, aumentando o risco de transmissão do vírus.
Os esforços para controlar a febre oropouche se estendem a outros estados, como o Ceará, que registrou 674 casos neste ano, principalmente em áreas rurais dedicadas ao cultivo de bananas, cacau e mandioca. O estado, que também teve um caso de óbito fetal devido à infecção, está se concentrando em ações de manejo clínico e vigilância para garantir um diagnóstico correto, especialmente em gestantes.
As autoridades de saúde de todo o país continuam trabalhando para entender melhor a febre oropouche e desenvolver estratégias eficazes para conter sua disseminação, focando na capacitação de profissionais de saúde para a identificação e tratamento da doença.
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