Clima frio eleva alerta para crescimento de casos de VSR e infecções respiratórias em crianças

Abril terminou com temperaturas mais baixas em várias regiões do Brasil, devido à passagem de uma frente fria e à ação de uma massa de ar polar. Esse cenário traz um alerta para a saúde das crianças, especialmente por conta do aumento nas infecções respiratórias, incluindo o vírus sincicial respiratório (VSR).
Com a chegada do frio, infecções como bronquiolite e pneumonia, provocadas principalmente pelo VSR, tornam-se mais comuns. Esse vírus é o principal responsável pela Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em crianças menores, de acordo com dados recentes.
O pediatra Werther Brunow de Carvalho destaca que, entre março e junho, as infecções respiratórias são frequentes, afetando especialmente as crianças mais vulneráveis. “Podem aparecer como bronquiolite, pneumonia viral, pneumonia bacteriana ou infecções leves das vias aéreas superiores,” explica o médico. É importante ressaltar que, embora o VSR seja mais associado ao frio, ele já vem circulando intensamente no Brasil desde o verão, aumentando a incidência de doenças respiratórias.
Segundo informações do Boletim InfoGripe, crianças e adolescentes de até 14 anos estão mais expostos ao aumento dos casos de SRAG. Isso se deve principalmente ao VSR, rinovírus, gripe (influenza A) e covid-19. A elevação nas internações de crianças com menos de dois anos está diretamente ligada à proliferação do VSR.
A Fundação Oswaldo Cruz recomenda que crianças com sintomas gripais fiquem em casa e usem máscaras em locais fechados, para ajudar a conter a disseminação dos vírus.
Os primeiros sinais do VSR são parecidos com os de um resfriado comum, incluindo tosse, obstrução nasal e coriza. Esses sintomas costumam durar entre 3 e 15 dias. No entanto, a presença de dificuldade para respirar é um sinal de alerta que requer atenção médica imediata.
“Por serem sintomas comuns, é crucial que um médico avalie a criança para garantir um diagnóstico correto e evitar complicações como pneumonia e asma,” recomenda o Dr. Werther. Outros sinais que devem ser observados incluem febre, geralmente abaixo de 39°C, e dificuldades alimentares, especialmente entre o terceiro e o quinto dia da doença. Em bebês menores de seis semanas, há risco de apneia.
O pediatra ressalta a importância de ficar atento a determinados sinais: “Se a tosse piorar a ponto de a criança não dormir, ou se houver movimentos respiratórios acelerados e retrações entre as costelas, é imprescindível buscar atendimento de emergência.” A maioria das crianças com bronquiolite aguda pode receber tratamento ambulatorial, onde são adotadas medidas como aspiração das secreções, elevação da cabeceira da cama e fracionamento das refeições. Contudo, nos casos mais graves, pode ser necessária a internação hospitalar, e, em algumas situações, até a internação em uma unidade de terapia intensiva (UTI).
Recentemente, o Ministério da Saúde anunciou a inclusão da vacina Abrysvo, que protege contra o VSR, no Sistema Único de Saúde. Essa vacina será destinada a gestantes entre a 24ª e a 36ª semana de gestação, permitindo a transferência de anticorpos ao bebê. Essa ação pode beneficiar cerca de 2 milhões de recém-nascidos.
Além da vacina, o anticorpo monoclonal nirsevimabe foi aprovado para bebês prematuros e crianças com riscos médicos, como doenças cardíacas graves e pulmonares. Administrado em dose única, o nirsevimabe impede a fusão do vírus às células, bloqueando sua replicação e garantindo proteção durante a sazonabilidade do VSR.
Para prevenir infecções respiratórias, o Dr. Werther sugere algumas medidas simples: manter os ambientes arejados, reforçar a higiene das mãos, assegurar a hidratação adequada e evitar mudanças bruscas de temperatura. “É essencial manter o calendário vacinal atualizado, promover hábitos alimentares saudáveis e adotar a etiqueta respiratória, como cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar. A vacinação e os cuidados diários são fundamentais para proteger a saúde das crianças,” conclui o especialista.