Trump pede a Netanyahu fim da guerra em Gaza e ameaças ao Irã

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, para encerrar a guerra em Gaza e abster-se de comentar sobre um possível ataque ao Irã. A conversa entre os dois líderes ocorreu por telefone na segunda-feira, dia 9, e Trump descreveu o diálogo como “muito tranquilo”.
Esse pedido de mudança de estratégia vem em um momento em que os EUA estão buscando um acordo nuclear com o Irã e participando de negociações indiretas com o Hamas em relação a um cessar-fogo em Gaza. A tensão entre os dois líderes tem crescido, especialmente à medida que o conflito em Gaza já dura mais de 20 meses. Netanyahu manifestou que seu objetivo é desarmar o Hamas e, ao mesmo tempo, Trump tem pressionado para que o conflito seja encerrado rapidamente.
Na terça-feira, dia 10, Netanyahu convocou uma reunião com seus principais ministros para discutir a situação após haver “algum progresso” nas negociações de cessar-fogo. O ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Sa’ar, também comentou sobre os avanços nas conversas, que incluem o retorno de reféns mantidos em Gaza. Ele ressaltou que Israel está comprometido em chegar a um acordo, mas com cautela, não querendo criar falsas expectativas.
No dia 5, o Hamas declarou que está aberto a um acordo de cessar-fogo proposto pelo enviado dos EUA, Steve Witkoff, mas exige garantias mais robustas contra ataques israelenses. Um dos líderes do Hamas, Khalil Al-Hayya, afirmou que o grupo não rejeitou a proposta, mas pediu emendas que garantam maior segurança.
A situação se complica com a crescente discordância entre Trump e Netanyahu. Enquanto Netanyahu busca um desfecho militar da guerra, Trump tem tentado facilitar negociações para evitar mais destruição e mortes, inclusive com o Irã. A sexta rodada de negociações nucleares entre os EUA e o Irã deve começar nos próximos dias.
Durante a conversa, Trump pediu a Netanyahu para não falar sobre um ataque ao Irã e para parar com as especulações sobre planos de Israel para atacar instalações nucleares iranianas. Apesar disso, Netanyahu continua a defender ações militares como uma opção viável.
Adicionalmente, a administração Trump está tentando expandir os Acordos de Abraão, que já resultaram na normalização de relações entre Israel e países como os Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Marrocos. Contudo, a Arábia Saudita, uma potência regional, deixou claro que não irá normalizar relações com Israel sem avanços concretos em direção ao reconhecimento de um Estado palestino e um plano para a solução do conflito.
O embaixador dos EUA em Israel, Mike Huckabee, declarou recentemente que a solução de dois Estados não é mais uma prioridade na política americana, afirmando que isto não deverá acontecer em breve. Huckabee já se posicionou favoravelmente a assentamentos israelenses na Cisjordânia ocupada, criando ainda mais controvérsia sobre a posição dos EUA na região.
No início do conflito, Trump apresentou uma ideia vaga de criar uma “Riviera de Gaza”, prevendo controle americano sobre a região e o deslocamento de parte da população palestina que vive lá, tema que continua gerando debates e desafios na política internacional.