Na última segunda-feira (16), a Rússia informou que os Estados Unidos suspenderam as negociações diretas para melhorar as relações entre os dois países. Essa decisão não trouxe uma explicação clara e pode gerar pressão sobre o presidente Vladimir Putin.
Maria Zakharova, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, expressou surpresa com essa mudança, especialmente porque coincide com a participação de Donald Trump na cúpula do G7 no Canadá, onde ele poderá ser questionado sobre sua posição em relação à Guerra da Ucrânia.
Desde que Trump assumiu o cargo novamente em janeiro, ele alterou a abordagem dos EUA em relação à Rússia. No início, ele estabeleceu contatos diretos com Putin, tendo conversado com o líder russo cinco vezes por telefone e aberto canais de negociação técnica. Além disso, o presidente americano passou a diminuir o apoio irrestrito à Ucrânia, levando ambos os lados a tentarem iniciar conversas. No entanto, até agora, essas negociações não avançaram significativamente.
Trump tem mantido uma postura ambígua, alternando entre ameaçar sanções mais severas contra a Rússia e manter diálogos com Putin. A última conversa entre eles aconteceu no sábado (14), onde discutiram o ataque de Israel ao Irã, aliado da Rússia. Trump pediu a Putin que atuasse como mediador nas negociações nucleares entre os Estados Unidos e o Irã, um processo que também enfrenta dificuldades.
A suspensão das negociações não significa que elas foram canceladas completamente. Zakharova afirmou que a próxima rodada de conversas foi apenas pausada. Desde fevereiro, quando ocorreu a primeira reunião direta entre os dois países na Arábia Saudita após a invasão da Ucrânia, já foram realizados outros dois encontros em Istambul.
Essas conversas são complexas, especialmente porque os EUA e países europeus impuseram sanções severas que prejudicam a economia da Rússia. O porta-voz de Putin, Dmitri Peskov, já havia mencionado que não se deve esperar progressos rápidos nas negociações, embora tenha celebrado a retomada dos diálogos.
Entre os tópicos em discussão estão as sanções aplicadas à Rússia, os ativos russos congelados no exterior, a normalização das relações diplomáticas e a reabertura do comércio e dos voos entre os dois países.
A pausa nas negociações pode também ser uma estratégia de pressão em relação à Ucrânia. Mesmo com a guerra entre Israel e Irã dominando as notícias, o conflito na Europa continua. O presidente ucraniano Volodimir Zelenski anunciou que conseguiu conter os avanços russos na região de Sumi, mas as forças de Moscou tiveram progresso em outras áreas do país.
Ainda pairam dúvidas sobre a possível retaliação de Putin após um ataque com drones na Rússia contra sua frota de bombardeiros. Após um período intensamente aéreo, a guerra parece ter diminuído a sua intensidade, mas as negociações de paz continuam estagnadas desde que foram apresentadas condições consideradas irrealizáveis por ambos os lados.
