Tribunal argentino bloqueia divulgação de áudios da irmã de Milei

A Justiça da Argentina determinou nesta segunda-feira a suspensão da divulgação de gravações de áudio que teriam sido gravadas ilegalmente pela irmã do presidente Javier Milei, chamada Karina Milei. Essas gravações foram publicadas recentemente pela imprensa, levando o governo a classificar o episódio como uma “operação ilegal de inteligência”. A decisão judicial foi motivada por uma queixa criminal apresentada pelo governo argentino, que se referiu aos áudios como sendo da secretária-geral da Presidência e alegou que as gravações possam ter ocorrido dentro da Casa Rosada, o palácio governamental.
O porta-voz da presidência, Manuel Adorni, expressou preocupação nas redes sociais, afirmando que a situação envolvia um ataque planejado para desestabilizar o governo em um momento crítico, próximo às eleições. Ele afirmou que conversas privadas de Karina Milei e de outros funcionários haviam sido gravadas, manipuladas e divulgadas com a intenção de influenciar os rumos da administração.
Recentemente, o governo argentino enfrentou dificuldades após a divulgação de um áudio relacionado a Diego Spagnuolo, ex-chefe da Agência Nacional de Deficiência, que abordava a cobrança de subornos em sua área. Esta nova situação relacionada a Karina Milei surge em um contexto de escândalos de corrupção, onde seu nome é mencionado em relação a possíveis irregularidades.
Nos áudios atribuídos a Karina Milei, que ela nega ser verdadeira, não constam falas sobre crimes, mas indicam que a gravação foi feita durante uma reunião de trabalho. Informações sugerem que as gravações teriam ocorrido dentro da Casa Rosada, levantando a possibilidade de espionagem ilegal. A ideia de uma ação judicial contra essas gravações começou a ser considerada logo após a divulgação do áudio.
O Carnaval Stream, periódico que publicou as gravações, já tinha sido responsável pelo vazamento do áudio de Spagnuolo, que falava sobre pagamentos de subornos. No novo material, Karina Milei aparece pedindo união dentro do partido libertário, abordando disputas internas.
O governo se manifestou rapidamente após o surgimento das gravações. Adorni destacou a gravidade da situação, alertando que, se as gravações forem autenticadas, seria inédito na história argentina um funcionário público ser gravado dentro da Casa Rosada. Ele também argumentou que a divulgação dos áudios em um momento tão próximo das eleições seria uma tática orquestrada para desestabilizar o governo.
Além disso, a administração mencionou o financiamento do Carnaval Stream por um associado à Associação de Futebol Argentino, o que poderia levantar mais suspeitas sobre os interesses por trás da divulgação das gravações. Em um dos trechos divulgados, Karina Milei é ouvida dizendo que a equipe não precisa estar em constante presença na Casa Rosada, pois ela já cumpre uma intensa carga de trabalho. Essas declarações, juntamente com outras gravações de 50 minutos, acenderam um alerta sobre as ações de espionagem e a manipulação de informações em meio à agitação política no país.