Relatório sobre ataque ao Irã foi gerado por inteligência artificial

Israel e os Estados Unidos utilizaram a alegação de que o Irã possui urânio enriquecido para desenvolver armas nucleares como justificativa para ataques ao país. Essa acusação envolve o uso de Inteligência Artificial (IA) na coleta e análise de informações.
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O major-general português Agostinho Costa, um especialista em segurança e geopolítica, destacou que essa situação representa a primeira vez em que uma guerra pode ser atribuída à ação de sistemas de IA. Ele indicou que um relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), publicado em 31 de maio de 2025, sugere que o Irã tem condições de fabricar uma arma nuclear, baseando-se em deduções e tendências, e não em evidências concretas.
O programa de IA, chamado Mosaic, foi desenvolvido pela empresa Palantir e é utilizado para monitorar diversas áreas de segurança, incluindo a atuação da polícia em vários países. Costa apontou que o Conselho da AIEA é dominado por países ocidentais, como Alemanha, França, Reino Unido e EUA, que apoiaram o relatório que sustentou os ataques a Israel.
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O general Costa alertou sobre os perigos do uso de IA na formulação de relatórios que podem levar a ações bélicas, enfatizando os riscos que isso acarreta no cenário atual.
No dia 6 de junho de 2025, o Conselho de Governadores da AIEA divulgou um relatório afirmando que o Irã estava descumprindo suas obrigações em relação a inspeções nucleares. Apenas seis dias depois, Israel lançou um ataque contra Teerã. O Irã, por sua vez, acusou a AIEA de agir politicamente e decidiu suspender sua cooperação com a agência após um período de trégua no conflito.
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Embora a AIEA não tenha encontrado provas de que o Irã esteja construindo armas nucleares, a agência expressou preocupações sobre a possibilidade de o país estar desenvolvendo esse tipo de armamento. O general Costa considerou que as alegações de que o Irã poderia fabricar uma bomba atômica serviram como um pretexto para os ataques liderados pelos EUA e Israel.
Em 2015, a AIEA contratou o programa Mosaic por 41 milhões de euros, devido ao aumento na demanda por monitoramento de programas nucleares no mundo. O software é projetado para aprimorar a eficácia e segurança das operações da agência.
O major-general Costa ressaltou que não existem evidências claras de que o Irã esteja desenvolvendo armas nucleares. Ele mencionou que, embora o Irã tenha enriquecido cerca de 400 quilos de urânio a 60%, esse nível de enriquecimento ainda está longe dos 90% necessários para a produção de armas nucleares. Assim, ele classificou o programa nuclear iraniano como pacífico.
O Irã nega a busca por armamento nuclear e afirma que seu programa é voltado para fins civis. O país estava em meio a negociações com os EUA sobre seu programa nuclear quando foi alvo do ataque israelense.
No relatório da AIEA, a agência manifestou preocupações sobre o enriquecimento de urânio pelo Irã, enfatizando que, embora o enriquecimento em si não seja ilegal, a situação do país gera um elevado grau de preocupação internacional, já que o Irã é o único Estado sem armas nucleares que está produzindo e acumulando urânio enriquecido a 60%.
Recentemente, a Diretora de Inteligência Nacional dos EUA afirmou que o Irã não estaria construindo armas nucleares, uma posição que foi questionada pelo presidente dos EUA, destacando as divergências no governo sobre o tema. Enquanto potências ocidentais apoiam as ações de Israel, o país judeu é o único no Oriente Médio que não assinou o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, e apesar de não confirmar oficialmente, também não nega a posse de armas nucleares.
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