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Alerta! Veneno na ração que está massacrando os animais no Brasil?

Uma tragédia silenciosa, um veneno invisível, está dizimando haras inteiros e deixando um rastro de prejuízo e dor por todo o Brasil. Centenas de cavalos, muitos deles campeões avaliados em milhões de reais, estão morrendo de forma agonizante e misteriosa.

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Contudo, após uma investigação digna de série criminal, o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) finalmente encontrou o assassino: ele estava na comida.

A causa da morte de pelo menos 245 cavalos em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Alagoas foi rastreada até um único ponto: a ração produzida pela empresa Nutratta Nutrição Animal, sediada em Itumbiara, Goiás.

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Amostras do produto revelaram a presença de uma substância química letal, um veneno que ataca o fígado do animal e o leva a uma morte lenta e dolorosa.

O escândalo é um dos maiores já registrados na indústria de nutrição animal do país e acende um alerta vermelho para todos os criadores. Mas que veneno é esse? Como ele foi parar na ração de uma empresa tão grande? E o que está sendo feito para parar esse massacre?

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A planta assassina: o adubo que virou veneno

O veneno encontrado na ração da Nutratta é a monocrotalina, uma substância química extremamente tóxica encontrada em uma planta chamada crotalária. E aqui reside a ironia trágica da história: a crotalária é uma planta “do bem”.

Ela é amplamente usada na agricultura como um “adubo verde”, pois tem a capacidade de fixar nitrogênio e enriquecer o solo para futuras plantações de soja e milho.

Contudo, após cumprir sua função, a planta precisa ser removida. Se ela continuar no campo e desenvolver suas sementes, ela se torna um veneno mortal.

A suspeita do MAPA é que a Nutratta “falhou no controle de fornecimento de matéria-prima”, permitindo que grãos de milho ou soja contaminados com sementes de crotalária fossem usados na fabricação da ração para cavalos.

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A agonia do fígado: como o veneno age

A monocrotalina é devastadora para os cavalos. Ela ataca diretamente o fígado, causando uma necrose hepática maciça. O órgão, vital para desintoxicar o organismo, simplesmente para de funcionar.

Os sintomas são cruéis:

  • O cavalo fica apático, prostrado, sem apetite.
  • Ele busca se esconder da luz no fundo da baia.
  • Quando a lesão se agrava, as plaquetas do sangue despencam, impedindo a coagulação e causando hemorragias internas fatais.

A morte, segundo os veterinários, costuma ser rápida após o agravamento dos sintomas.

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O rastro de destruição e a luta por justiça

O prejuízo para os criadores é incalculável. Um haras no interior de São Paulo perdeu 46 cavalos em dois meses, um prejuízo de mais de R$ 2 milhões. Em Alagoas, um criador perdeu 70 animais, incluindo garanhões premiados que valiam milhões.

“Não estamos encontrando nenhum apoio nessa empresa. É zero. Não vai trazer nossos cavalos de volta”, desabafou Nara Popst, uma das criadoras que perdeu seus animais. O advogado Eduardo Lucena, que representa 40 proprietários, afirma que eles buscarão na Justiça a reparação por danos materiais e morais.

O MAPA já interditou a linha de produção de ração para cavalos da Nutratta. A empresa lamentou as mortes em nota e afirmou que está colaborando com as investigações. Contudo, para os donos dos animais, a dor da perda e a revolta com o “silêncio” da empresa são feridas que, assim como o fígado de seus cavalos, talvez nunca cicatrizem.

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Rodrigo Campos

Jornalista, pós-graduado em Comunicação e Semiótica, graduando em Letras. Já atuou como repórter, apresentador, editor e âncora em vários veículos de comunicação, além de trabalhar como redator e editor de conteúdo Web.

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