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Povo e sua presença nas ruas – 20/09/2025 – Ruy Castro

Historicamente, as praças desempenharam um papel central nas cidades antigas. Além de serem espaços de comércio, como a venda de batatas, essas áreas também serviam como pontos de encontro para manifestações populares contra governantes, como reis e tiranos. Os gritos de protesto reverberavam nas estruturas ao redor, e frequentemente levavam à queda de líderes. Em Paris, por exemplo, a Place de La Concorde se tornou famosa não apenas por sua beleza, mas também pela violência política que ali ocorreu, onde lâminas estavam à vista para executar a vontade do povo.

Com a modernização das cidades, as avenidas começaram a ocupar o espaço das praças como cenários de protestos. Apesar disso, esses novos espaços não diminuíram o peso das manifestações. Na verdade, as avenidas, por serem mais amplas, permitiram o aumento do número de participantes. Enquanto uma praça pode ter suas limitações, uma avenida pode se estender indefinidamente e é equipada com caixas de som em cada esquina, permitindo que os discursos sejam ouvidos por grandes distâncias.

O Rio de Janeiro foi cenário de importantes protestos ao longo da história, especialmente durante a ditadura militar. Destacam-se dois eventos marcantes de 1968: o enterro do estudante Edson Luiz, que foi assassinado, com um cortejo que atravessou a cidade, e a Passeata dos 100 mil. Outro momento significativo foi o comício pelas Diretas, realizado em 1984 na Avenida Presidente Vargas, que reuniu cerca de um milhão de pessoas. Em 1992, ocorreu o Domingo Negro, na orla carioca, onde manifestantes se vestiram de preto em protesto contra o então presidente Fernando Collor. Nos últimos anos, o ex-presidente Jair Bolsonaro também mobilizou multidões nas ruas, enquanto muitos cidadãos, descontentes com a política, optaram por ficar em casa.

No entanto, é importante ressaltar que o descontentamento não deve ser direcionado à política em si, mas sim à má política. O desprezo pela política pode abrir espaço para líderes irresponsáveis, como já aconteceu em períodos difíceis da história do Brasil.

Neste domingo, estão previstas manifestações em várias cidades do Brasil contra políticos que buscam impunidade por seus atos ilícitos e contra a anistia a golpistas, que é vista como uma repetição de uma traição aos valores democráticos. Aqueles que defendem boas causas, mas permanecem passivos diante da televisão, devem refletir: o lugar do povo é nas ruas, brigando pelo que acredita.

Editorial Noroeste

Conteúdo elaborado pela equipe do Folha do Noroeste, portal dedicado a trazer notícias e análises abrangentes do Noroeste brasileiro.

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