Por que os ingressos de shows são caros e como podem ficar mais baratos

Nos dias atuais, ser fã de música ao vivo é uma experiência cheia de altos e baixos. As pessoas ficam animadas para ver seus artistas ou bandas favoritas, mas quando vão comprar os ingressos, se deparam com preços muitas vezes surpreendentes. Isso leva muitos a se questionarem: quanto estão dispostas a gastar para ver seus ídolos, como Shakira, Kendrick Lamar ou Billie Eilish? Em algumas situações, os preços chegam a ser comparáveis a um terço do aluguel mensal. A busca por ingressos mais em conta levou, por exemplo, algumas pessoas a viajar para outros países. Um exemplo é o caso de fãs que foram a Buenos Aires ver shows de artistas famosos, onde os preços eram mais acessíveis.
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Dados da Pollstar, uma publicação especializada na indústria musical, mostram que em 2024 o preço médio dos ingressos para as 100 turnês mais populares é de cerca de 135,92 dólares. Embora tenha havido uma ligeira queda nos preços este ano, eles ainda estão muito acima dos valores de 2019, que eram em média 96,17 dólares, e muito mais altos do que os 25,81 dólares registrados em 1996. O valor de ingressos para shows de grande demanda pode ser bastante elevado, especialmente quando são revendidos em mercados secundários.
Em debates sobre esses altos preços, muitas vezes a atenção recai sobre a Ticketmaster, uma gigante do setor de venda de ingressos, que se fundiu com a Live Nation em 2010. Esta fusão gerou críticas, incluindo investigações do Departamento de Justiça dos EUA, que questiona se a empresa é um monopólio que precisa ser dividido. A Live Nation nega essas alegações, afirmando que são infundadas. Um porta-voz da empresa disse que a ação judicial é apenas uma tentativa de chamar atenção e nega que a empresa tenha um monopólio.
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No entanto, a Ticketmaster é apenas uma parte do problema. Conversas com especialistas da indústria musical, ativistas e artistas revelam que a questão dos preços dos ingressos é complexa e pode não ter uma solução fácil. A dinâmica da indústria fez com que os artistas dependessem mais das turnês para obter rendimentos, já que o lucro com vendas de álbuns e streaming é baixo. Assim, a necessidade de realizar mais shows e, consequentemente, cobrar mais por ingressos se intensificou. A inflação e o aumento dos custos com turnês, como equipamentos e transporte, também impactaram nos preços.
Os shows hoje em dia são muito mais elaborados. Com as expectativas crescentes do público, os artistas precisam investir em produções mais complexas, o que gera uma “corrida armamentista” entre eles. Isso significa que cada artista tenta superar o outro para atrair mais público, o que também leva a um aumento nos custos de produção e, consequentemente, nos preços dos ingressos. Quando os ingressos são lançados no mercado, os artistas e suas equipes são incentivados a fixar preços mais altos para reduzir a diferença entre o preço original e o valor que revendedores podem cobrar.
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Os revendedores, como StubHub e Vivid Seats, são criticados por elevar ainda mais esses preços. A Ticketmaster utiliza um sistema de “preço dinâmico”, onde o custo dos ingressos varia de acordo com a demanda, uma prática que é contestada por muitos, mas a empresa afirma que a responsabilidade por essa estratégia é dos artistas e suas equipes.
Além dos preços elevados, a experiência de compra também é problemática. Muitos fãs relatam que os ingressos esgotam rapidamente no mercado primário e logo aparecem em sites de revenda a preços muito mais altos. Isso causa confusão e frustração entre os consumidores. A legislação, como a BOTS Act, busca proibir a compra massiva de ingressos por bots, mas a eficácia desses regulamentos tem sido discutida.
Existem modelos de restrição de revenda que têm mostrado resultados, como a restrição da transferência de ingressos em Massachusetts e Minnesota, que ajudam a controlar os preços. Pesquisas indicam que a implementação dessas restrições pode diminuir a quantidade de ingressos revendidos e o lucro gerado pelos revendedores.
Em suma, o cenário dos preços de ingressos é complexo e envolve uma série de fatores interligados, como a demanda por shows ao vivo e o papel das grandes empresas de ticketing. Enquanto a demanda por eventos ao vivo continuar alta, é provável que os preços permaneçam elevados, refletindo o desafio que enfrentam fãs, artistas e organizadores de eventos.
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