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Por que o Frankenstein de Jacob Elordi está equivocado

Guillermo del Toro, conhecido por suas visões criativas, finalmente apresenta sua adaptação do clássico “Frankenstein”, de Mary Shelley, após décadas de interesse pelo tema. O filme estreou no Festival de Cinema de Veneza, e está sendo descrito como uma produção elaborada, com uma estética gótica que capta uma atmosfera de conto de fadas sombrio. No entanto, a escolha do ator Jacob Elordi, conhecido por seu papel em “Euphoria”, para interpretar a criatura gerou discussões, especialmente por sua aparência considerada demasiado atraente para o papel.

O personagem, que é central na narrativa, é moldado pela história como um ser grotesco, rejeitado pela sociedade devido à sua feiura. No filme, Elordi aparece inicialmente em uma cena que cria expectativa, onde ele surge em um deserto ártico como uma figura imponente, em parte disfarçada por suas vestes. Contudo, à medida que a narrativa avança e revela sua origem, a aparência da criatura se transforma. Ela é apresentada como uma figura esculpida e atraente, descrevendo um ser que se assemelha mais a um modelo de boyband do que à representação frequentemente grotesca que se espera da criatura de Frankenstein.

Essa mudança de visual levanta questionamentos sobre a essência do personagem. Na obra original, a aparência repulsiva do monstro é fundamental para a narrativa, sendo a causa de seu isolamento e transformação de um inocente em um ser furioso. A descrição de Victor Frankenstein, o criador, enfatiza o horror que seu próprio trabalho provoca nele, levando-o a fugir aterrorizado ao encontrar sua criação. Essa rejeição é um dos pilares da história, mostrando como a aparência externa impacta as relações interpessoais e o comportamento.

O filme de Del Toro, embora visualmente impressionante, pode acabar perdendo uma das mensagens mais críticas de Shelley’s romance: a ideia de que a verdadeira monstruosidade reside não na aparência, mas nas ações e na capacidade de rejeição. O enfoque na beleza da criatura pode desvirtuar a dinâmica central que transforma o monstro de um ser cheio de esperança em alguém consumido pelo ódio e pela revolta. Essa abordagem levanta preocupações sobre se essa nova adaptação conseguirá transmitir a profundidade dos temas explorados no material original.

Editorial Noroeste

Conteúdo elaborado pela equipe do Folha do Noroeste, portal dedicado a trazer notícias e análises abrangentes do Noroeste brasileiro.

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