Poema de Conceição Evaristo inspira nova edição

O eu lírico de um poema recente pede ao interlocutor que não interrompa sua aparente inércia e que não apresse sua caminhada. Para ele, é no silêncio que consegue acessar os mundos submersos que inspiram sua poesia.
A 36ª Bienal de São Paulo, com o tema “Nem todo viandante anda estradas – Da humanidade como prática”, busca explorar a diversidade da experiência humana através de seis capítulos. A exposição tem como objetivo mostrar diferentes perspectivas sobre a vida e as interações entre as pessoas.
Um dos curadores da Bienal, Thiago de Paula Souza, destacou a palavra “viandante”, que se refere a quem caminha. Ele comentou que, embora tenha encontrado a palavra na proposta da Bienal, não sabia que ela já existia, mostrando que o termo está se tornando menos utilizado no cotidiano.
Na versão em inglês do título da Bienal, “viandante” foi traduzido como “traveler”, uma palavra que é mais comum e carrega um significado similar a “viajante”. Thiago expressou sua preocupação de que visitantes internacionais não vão perceber a mesma nuance que os falantes nativos de português ao ouvir o título. No entanto, ele acredita que essa estranheza também se reflete nas obras expostas, que buscam transmitir uma sensação de imperfeição, onde a estética pode não ser o foco principal.
O poema que acompanha a Bienal propõe um olhar profundo e contemplativo sobre o mundo. Ele reflete sobre a experiência de morder a palavra, de reter a visão e de desacelerar a caminhada. O eu lírico sugere que nem todo “viandante” precisa seguir os caminhos convencionais; há além deles realidades que só a poesia, em seu silêncio, pode explorar.