Padre Fábio de Melo será punido pelo Vaticano? Entenda a denuncia à Congregação

Na quinta-feira, 18 de junho de 2025, o colunista Ricardo Feltrin divulgou que o padre Fábio de Melo foi denunciado à Congregação para a Doutrina da Fé, no Vaticano. A denúncia teria sido apresentada por um bispo catarinense, que considerou a conduta do religioso “além das diretrizes da Igreja Católica”.
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Como tudo aconteceu
O episódio remonta a maio, quando o padre Fábio de Melo esteve em uma unidade da rede Havanna, em Joinville (SC). Segundo relato, ele observou uma discrepância entre o valor anunciado na prateleira e o efetivamente cobrado no caixa por potes de doce de leite. Após expressar sua insatisfação nas redes sociais, o vídeo viralizou, culminando na demissão do gerente Jair José Aguiar da Rosa.
O ex-gerente contestou publicamente a versão apresentada, afirmando que não teve qualquer contato direto com o sacerdote. Em entrevista ao programa Tá na Hora, transmitido pelo SBT em 29 de maio, declarou:
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“Em momento algum eu falo com ele… ninguém chamou o padre. Não falei com ele nem ele falou comigo”.
Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Turismo e Hospitalidade (Sitratuh), Jair estaria movendo uma ação cível contra o padre, além de preparar uma ação trabalhista contra a cafeteria. Ele também relatou sofrer abalos na saúde mental, com diagnósticos relacionados ao impacto da exposição pública.
Repercussão e posicionamentos
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Feltrin indicou que, embora a denúncia à Santa Sé não implique sanções severas, ela poderá “manchar” o registro do religioso dentro da instituição católica.
Em nota ao SBT, padre Fábio de Melo defendeu sua postura, reforçando jamais ter agido com intenção de ferir ou prejudicar outrem. Criticou o ambiente de polarização nas redes sociais e reafirmou sua postura de acolhimento e diálogo: “estendo a mão não para julgar, mas para acolher; não para me eximir, mas para dialogar. Porque assim me ensinou Cristo…”.
E agora, o que acontecerá com o Padre Fábio de Melo?
No contexto da denúncia recebida pelo Vaticano contra o padre Fábio de Melo, os próximos passos — seguindo os trâmites habituais da Congregação para a Doutrina da Fé do Vaticano, órgão responsável por tratar de questões doutrinárias e disciplinares da Igreja Católica — são os seguintes:
1. Análise Preliminar da Denúncia
A Congregação realiza uma triagem inicial para verificar se a denúncia apresenta elementos suficientes para ser considerada. Essa etapa verifica:
- Se há violação de doutrina ou conduta incompatível com o sacerdócio;
- A identidade e credibilidade do denunciante;
- Evidências ou indícios apresentados.
2. Solicitação de Informações Locais
Caso a denúncia seja aceita para análise:
- A Congregação pode pedir informações ao bispo responsável pela diocese onde o padre atua (neste caso, ao bispo local brasileiro);
- O sacerdote pode ser convidado a apresentar sua versão dos fatos formalmente.
3. Instrução Canônica
Se for considerado necessário, inicia-se um processo formal (não judicial, mas administrativo e canônico), que pode incluir:
- Oitiva de testemunhas;
- Avaliação de documentos;
- Consultas com teólogos e canonistas.
4. Decisão e Eventuais Sanções
Ao final do processo, o Vaticano pode decidir por:
- Arquivamento da denúncia, se considerar infundada;
- Advertência privada ou recomendação de conduta;
- Restrição pastoral, como suspensão de funções públicas (pouco provável neste caso, dadas as circunstâncias);
- Em casos graves (como heresia ou escândalo público reiterado), pode haver afastamento das funções sacerdotais — o que, neste caso específico, é extremamente improvável.
Observação importante:
Como padre Fábio de Melo pertence a uma ordem religiosa (Congregação dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus – Dehonianos), a autoridade religiosa superior dele não é apenas o bispo local, mas também os superiores da congregação, que podem ser envolvidos no processo.
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