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Oscar Isaac e Jacob Elordi em clássico do horror

Guillermo del Toro traz uma nova versão de “Frankenstein”, seguindo sua longa trajetória de influências do terror gótico que começou com filmes como “Cronos”, “O Labirinto do Fauno” e “O Orfanato”. Nesta adaptação da obra de Mary Shelley, de 1818, o diretor oferece uma narrativa que vai além do horror, explorando temas de tragédia, romance e uma reflexão filosófica sobre a condição humana.

O filme aborda a relação problemática entre Victor Frankenstein, um cientista egocêntrico, e a Criatura que ele traz à vida a partir de partes de corpos. Essa dinâmica de pais ausentes ou imperfeitos aparece com frequência nas obras de del Toro, e aqui, atinge um novo patamar.

O elenco é liderado por Oscar Isaac, que interpreta Victor, apresentando um personagem complexo e atormentado, cuja arrogância é substituída pelo arrependimento ao longo da história. Na pele da Criatura, Jacob Elordi entrega uma performance marcante, onde sua inocência contrasta com a profunda solidão e o vazio que vem ao entender sua própria existência. O filme questiona se a monstruosidade é definida pela aparência ou pelas ações.

Del Toro também capta as sensações visuais e auditivas de maneira eficaz. A cinematografia deslumbrante de Dan Lausten, o design de produção de Tamara Deverell e os figurinos de Kate Hawley criam uma estética rica com cores vibrantes, especialmente tons saturados de vermelho e verde. A trilha sonora de Alexandre Desplat complementa a experiência, com uma orquestração exuberante.

A narrativa se desenrola em três partes: um prelúdio e dois relatos, “A História de Victor” e “A História da Criatura”. A ação começa no Ártico, onde um capitão dinamarquês encontra Victor em estado crítico, ferido e à beira da morte. Victor, com uma perna prostética, revela sua história, que remete à sua infância em uma propriedade familiar que foi perdida, afetada pela perda de sua mãe ao dar à luz seu irmão mais novo.

Nos anos de 1855, Victor se apresenta à Royal College of Medicine, onde seus experimentos em reanimar tecidos mortos são recebidos com ceticismo. No entanto, ele chama a atenção de Heinrich Harlander, um comerciante de armas que decide financiar suas investigações. Victor se reencontra com seu irmão mais novo, William, que está noivo de Elizabeth, interpretada por Mia Goth, uma mulher de espírito forte e curiosidade científica.

O figurino de Elizabeth, que inclui um vestido azul e uma peça de cabeça feérica, adiciona uma qualidade quase mágica à sua presença. Del Toro parece perceber na atriz um tipo de inteligência e força que eleva sua personagem, contrastando com Victor, que é apresentado em roupas elegantes e ajustadas.

Os cenários do filme também são impressionantes, especialmente o laboratório de Victor, em um castelo remoto na Escócia. O design é uma combinação de elementos físicos e imagens atmosféricas, criando um espaço adequado para os experimentos do cientista, que utiliza partes de corpos de condenados e soldados mortos na Guerra da Crimeia.

A Criatura, criada por Victor, aparece com uma aparência inquietante e tocante. Sua jornada inicia-se com momentos de descoberta e vulnerabilidade, enquanto ele interage com o mundo ao redor. A relação tocante que desenvolve com Elizabeth mostra um vislumbre de sua humanidade.

À medida que a história avança, Victor se vê questionado por sua própria criação. A abordagem de del Toro inclui o impacto do conhecimento e a angústia da Criatura ao perceber sua origem e sua condição de vida. A história culmina em um confronto emocional, onde a crença de Victor em seu domínio da vida e da morte é desafiada.

Por fim, o filme é fechado com uma citação de Byron, reforçando sua visão de “Frankenstein” como uma tragédia romântica. O trabalho de del Toro é marcado por uma beleza visual impressionante e uma profunda ressonância emocional. Embora tenha uma exibição limitada, sua grandeza merece ser vista nas grandes telas, permitindo aos espectadores imergirem completamente nesse universo.

Editorial Noroeste

Conteúdo elaborado pela equipe do Folha do Noroeste, portal dedicado a trazer notícias e análises abrangentes do Noroeste brasileiro.

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