José Marcos Chaves Ribeiro, ex-motorista de Regina Lemos Gonçalves, de 89 anos, foi preso após ficar nove meses foragido. Ele estava escondido em um dos casarões abandonados que pertencem à socialite, localizada na Rua Capuri, em São Conrado. O imóvel, pintado de vermelho, estava cercado por mato, mas ainda apresentava condições relativamente melhores do que outras casas no lote. Dentro da residência, foram encontrados apenas um sofá e uma cadeira.
O empresário João Chamarelli, amigo de Regina, decidiu investigar os imóveis da socialite. Ele sentiu que algo anormal estava acontecendo e pediu ao seu motorista que passasse pela propriedade. Durante uma volta na manhã de um dia, enquanto se dirigia a um café da manhã, Chamarelli observou um idoso saindo de um portão sinalizado como “propriedade particular”.
O local estava fechado desde a morte da irmã de Regina, Painna Lemos, em 2013, e os casarões apresentavam sinais claros de abandono, com a vegetação tomando conta. Chamarelli ficou com a impressão de que o lugar tinha um aspecto sombrio.
Quando approchou o homem que estava trancando o cadeado, ele questionou a identidade do idoso, que afirmou ser funcionário de Dona Regina. Chamarelli, que conhece todos os empregados da socialite, desconfiou e pediu para entrar. O homem hesitou, dizendo que precisava voltar para realizar uma ligação, mas Chamarelli insistiu. O idoso acabou cedendo, permitindo sua entrada, e lá, Chamarelli encontrou José Marcos, que não ofereceu resistência.
Após a descoberta, Chamarelli acionou a segurança do condomínio e as polícias Militar e Civil. José Marcos foi preso por policiais e levado à 12ª DP em Copacabana, onde o inquérito está em andamento. Ele está previsto para ser apresentado em uma audiência de custódia na Central de Benfica.
O ex-motorista tinha se escondido acreditando que o casarão era um bom local para passar despercebido. Um homem que trabalhava no local, que entregava refeições, sabia da presença de José Marcos, mas não tinha noção de que ele era um fugitivo.
De acordo com o empresário, o imóvel onde José Marcos se escondeu estava vazio desde a morte da irmã de Regina. Após a captura, o ex-motorista foi ouvido sobre a possibilidade de estar armado, o que deixou Chamarelli preocupado. Apesar do medo, ele agiu por instinto e a abordagem foi bem-sucedida.
José Marcos enfrenta acusações de tentativa de feminicídio, sequestro, cárcere privado, violência psicológica e furto qualificado contra Regina. Com a morte de seu marido, Nestor Gonçalves, em 1994, Regina herdou uma fortuna que inclui joias, relógios e obras de arte, além de cerca de US$ 500 milhões. No entanto, um inquérito instaurado pela 12ª DP também investiga o desaparecimento de parte dessa fortuna. O delegado responsável, Angelo Lages, já solicitou a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Regina e do ex-motorista para rastrear o que aconteceu com os valores. A preocupação é que o patrimônio da socialite tenha sido “dilapidado”.
