O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, respondeu às acusações feitas por seu ex-assessor Eduardo Tagliaferro durante uma audiência no Senado, realizada na quinta-feira, 4. Tagliaferro, que foi o responsável pela Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação durante o período em que Moraes presidia o Tribunal Superior Eleitoral, fez declarações sobre a atuação do ministro.
Durante a sessão na Comissão de Segurança Pública, Tagliaferro afirmou que Moraes teria adulterado documentos para justificar ações da Polícia Federal. Ele também alegou que o ministro direcionava a elaboração de relatórios de monitoramento com base em solicitações informais de “parceiros”.
Em resposta, Moraes, por meio de uma nota oficial, afirmou que todos os processos de investigação realizados estavam dentro da legalidade. Ele explicou que a assessoria do TSE foi acionada para coletar dados, que foram devidamente enviados às autoridades competentes. O ministro ressaltou que os relatórios elaborados apenas descreviam postagens ilegais nas redes sociais, que tinham relação direta com investigações sobre milícias digitais.
Os dados coletados, segundo Moraes, foram incorporados a outras investigações e remetidos à Polícia Federal, sempre com a aprovação da Procuradoria Geral da República. Ele enfatizou que o processo foi totalmente documentado e oficial.
Eduardo Tagliaferro enfrenta acusações sérias pela Procuradoria-Geral da República, incluindo tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, violação de sigilo funcional, coação durante o processo e obstrução de investigações relacionadas a organizações criminosas. Atualmente, ele reside na Itália e prestou depoimento por videoconferência. Esse depoimento ocorreu simultaneamente ao julgamento de Jair Bolsonaro no STF.
O procurador-geral Paulo Gonet comentou que Tagliaferro agiu de maneira contrária à legitimidade do processo eleitoral no Brasil, prejudicando investigações sobre atos antidemocráticos ao vazar informações relacionadas a Moraes. O ministro Moraes solicitou a extradição do ex-assessor, mas o pedido ainda não foi analisado. Durante sua fala no Senado, Tagliaferro declarou que não pretende retornar ao Brasil devido a preocupações com sua segurança.
