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Irã: o que sabemos sobre a instalação nuclear de Fordow

A Instalação de Enriquecimento de Combustível Fordow: O Que Sabemos

Recentemente, imagens de satélite revelaram a estrutura da controvertida planta de enriquecimento de combustível Fordow, localizada nas montanhas próximas à cidade de Qom, no Irã. O local é cercado por um grande aparato de segurança, o que levanta várias especulações sobre suas reais intenções e capacidades desde que foi revelado ao público em 2009.

A planta está situada entre 80 e 90 metros abaixo da superfície, o que a torna praticamente imune a ataques aéreos com as bombas atualmente conhecidas. Sua localização estratégica dificulta que ataques aéreos consigam causar danos significativos, um fato que tem animado analistas sobre o potencial da instalação para produzir armamentos nucleares.

Nos últimos dias, o governo de Israel fez várias tentativas de atingir a instalação, mas a Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA) notificou que, até agora, não houve sucesso em neutralizar a planta. O Irã, por sua vez, defende que seu programa nuclear é voltado para fins pacíficos, mas a planta Fordow continua a ser um ponto central nas preocupações sobre as ambições nucleares do país.

Em 2009, a descoberta da planta foi anunciada por líderes mundiais, incluindo o então presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que destacou que a estrutura não parecia compatível com um programa nuclear pacífico. Na época, documentos iranianos, obtidos por serviços de inteligência israelenses, forneceram insights importantes sobre a construção e os objetivos de Fordow.

O início da construção de Fordow é incerto, mas satélites históricos indicam que trabalhos no local começaram em 2004. Neste ano, foram identificadas estruturas brancas que hoje são as entradas dos túneis. Além disso, a IAEA possui imagens que datam a construção desde 2002. David Albright, um especialista em segurança nuclear, explicou que o projeto de Fordow remonta a um programa de armas nucleares em desenvolvimento no início dos anos 2000, sugerindo uma intenção de produzir urânio altamente enriquecido.

A planta ganhou notoriedade especialmente após a retirada dos Estados Unidos do Acordo Nuclear Iraniano (JCPOA) em 2018, um pacto que havia restringido as atividades nucleares do Irã, incluindo a remoção de dois terços das centrífugas de Fordow. Desde então, o Irã começou a reverter essas restrições.

Em 2018, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, divulgou informações adicionais sobre a instalação, extraídas de documentos da "arquivo atômico" iraniano. Esses documentos sugerem que Fordow teria a capacidade de produzir urânio para pelo menos um ou dois armamentos nucleares por ano.

Atualmente, a IAEA alertou que o Irã aumentou a produção de urânio enriquecido a 60%, elevando a preocupação sobre suas intenções de converter esse material em urânio de grau armamentista. A possibilidade do Irã transformar sua reserva de urânio enriquecido em combustível para armas em um curto prazo de três semanas suscita inquietação entre os aliados da região.

Além disso, a destruição de Fordow por meio de ataques aéreos é considerada extremamente desafiadora. Especialistas afirmam que apenas os Estados Unidos possuem as bombas necessárias para alcançar a estrutura subterrânea, e mesmo assim, apenas por meio de uma força colaborativa que ainda não foi organizada.

Análises sugerem que, se puderem, Israel e aliados podem considerar outros métodos para desativar a planta, como danificar os túneis de entrada ou os sistemas de ventilação. Embora a planta Fordow seja crucial para as ambições nucleares do Irã, há um entendimento de que mesmo sua destruição não resolveria completamente a questão da proliferação de armas nucleares, pois o país poderia ter centrífugas adicionais fora da vista.

Dessa forma, o futuro da planta Fordow continua em foco, com países envolvidos observando de perto as operações e o potencial nuclear do Irã.

Editorial Noroeste

Conteúdo elaborado pela equipe do Folha do Noroeste, portal dedicado a trazer notícias e análises abrangentes do Noroeste brasileiro.

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