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A humilhação e o crime da gigante que faz as peças do seu carro

Ela é uma gigante invisível, uma multinacional italiana cujo nome você talvez não conheça, mas cujas peças, com certeza, estão no motor, no painel ou na suspensão do seu carro. A Magneti Marelli, hoje apenas Marelli, fornece componentes para quase todas as montadoras do Brasil, de Fiat e Volkswagen a Jeep e Toyota.

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Contudo, por trás dessa fachada de poder e tecnologia, a Justiça do Trabalho acaba de expor um segredo sombrio: um esquema de assédio moral tão cruel que forçou a empresa a pagar uma indenização milionária.

Em uma fábrica na cidade de Hortolândia, em São Paulo, a empresa foi acusada de praticar um tratamento discriminatório e humilhante contra dois dos grupos de trabalhadores mais vulneráveis: aqueles que adoeciam por causa do trabalho e aqueles que, por lei, deveriam protegê-los.

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A denúncia, investigada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), revelou uma cultura de perseguição que culminou em uma condenação exemplar.

A história é um alerta para o que pode acontecer nos bastidores de grandes corporações e uma vitória para os trabalhadores que se recusaram a ficar em silêncio. Mas o que, exatamente, essa gigante automotiva fazia com seus funcionários? E qual foi o preço que ela teve que pagar por isso?

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O crime: a perseguição aos doentes e aos “fiscais”

A investigação do MPT foi cirúrgica e revelou um padrão de assédio moral direcionado a dois alvos específicos dentro da fábrica.

  • Trabalhadores afastados: Funcionários que precisavam se afastar por acidentes de trabalho ou doenças ocupacionais, em vez de serem acolhidos, eram vistos como um “problema”. Eles se tornavam alvos de tratamento discriminatório por parte de seus gestores.
  • Membros da CIPA (os “Cipeiros”): A CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) é um grupo de funcionários eleitos para fiscalizar a segurança e as condições de trabalho. Por lei, eles têm estabilidade no emprego para poderem atuar sem medo de perseguição. Na Marelli, no entanto, acontecia o oposto. Os “cipeiros” que ousavam apontar falhas de segurança eram assediados e hostilizados.

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A condenação: o preço da humilhação

Diante das provas, a Justiça do Trabalho homologou um acordo que funciona como uma condenação para a empresa. A Magneti Marelli foi forçada a pagar uma indenização de R$ 330 mil por dano moral coletivo.

O dinheiro será destinado ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) ou a entidades beneficentes da região.

Além da multa, a empresa foi obrigada a se comprometer com uma série de mudanças estruturais, sob pena de novas multas pesadas por cada descumprimento.

Os compromissos assumidos:

  1. Respeitar a CIPA: Cumprir integralmente a lei que protege os cipeiros e garantir que eles possam fazer seu trabalho de fiscalização sem medo.
  2. Capacitar os chefes: Treinar todos os gestores e líderes sobre o que é assédio moral e sexual.
  3. Criar programas de prevenção: Adotar políticas internas para combater ativamente qualquer tipo de assédio no ambiente de trabalho.

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A lição que fica

O caso da Magneti Marelli é um recado poderoso para todas as grandes empresas. Ele mostra que, por trás da pressão por produtividade e lucro, existem leis e, principalmente, a dignidade humana.

A vitória dos trabalhadores e do MPT reforça que nenhum funcionário está sozinho e que o assédio, por mais velado que seja, não será mais tolerado, não importa o tamanho da empresa que o pratica.

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Rodrigo Campos

Jornalista, pós-graduado em Comunicação e Semiótica, graduando em Letras. Já atuou como repórter, apresentador, editor e âncora em vários veículos de comunicação, além de trabalhar como redator e editor de conteúdo Web.

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