Hell Is Us: Um Mergulho em um Mundo de Conflito e Mistério
O jogo "Hell Is Us" apresenta um cenário intrigante e complexo, situado em Hadea, um país fictício mergulhado em uma guerra brutal. Durante as primeiras horas de jogo, os jogadores são introduzidos a um conflito entre duas facções, os Palomistas e os Sabinianos, cercados por um ambiente desolado que lembra a Europa Oriental.
Logo no início, o jogador encontra uma variedade de termos e elementos próprios, como "armas Lymbicas" e "Detectores de Guardião". Porém, a narrativa do jogo é envolta em um mistério que pode ser confuso. Painéis de pedra com textos indecifráveis são espalhados pelo cenário, acentuando a sensação de desorientação. Enquanto atravessam florestas sombrias e pântanos imundos, os jogadores sentem a ausência de compreensão sobre o que está acontecendo ao seu redor.
O jogo lembra os títulos do renomado desenvolvedor Hidetaka Miyazaki, como "Elden Ring", oferecendo um mundo repleto de símbolos esotéricos e desafios complexos. O combate é dinâmico, exigindo o gerenciamento da resistência do personagem em cada ataque, lembrando a cadência dos jogos anteriores de Miyazaki.
No entanto, "Hell Is Us" também se apresenta como um jogo de investigação. Os jogadores possuem um datapad que funciona como um banco de dados rico em informações e pistas. Para desvendar os enigmas mais difíceis, é aconselhável ter papel e caneta à mão.
O ambiente de Hadea é sombrio e retrata as consequências devastadoras da guerra. A narrativa inicial revela imagens impactantes, como um pelotão de fuzilamento e corpos pendurados em árvores, enquanto um soldado toca uma música melancólica em um violino. Criaturas estranhas habitam as áreas alagadas e vastas, e orbes gigantes, chamadas "Laços do Tempo", pulsando com energia caótica, surgem como resultados da chamada "Calamidade". O protagonista Rémi, um investigador à procura de respostas sobre sua infância e o paradeiro de seus pais, se vê obrigado a enfrentar essas anomalias.
O estilo visual do jogo é variado, apresentando paisagens áridas, criaturas que lembram manequins e personagens vestidos com roupas tecnológicas. À medida que o jogo avança, o ambiente se torna mais coeso, revelando uma qualidade assombrosa e onírica.
Os inimigos que Rémi enfrenta também são estranhos, com alguns invocando criaturas de suporte através de uma espécie de conexão metafísica. Essas criaturas, que variam em cor e forma, representam emoções como a tristeza e o terror. Essa representação física dos traumas da guerra traz uma nova dimensão ao jogo, embora a metáfora careça de profundidade em alguns momentos.
Enquanto a ambição do jogo é evidente, a execução apresenta falhas. O personagem principal, interpretado por Elias Toufexis, tem um design visual interessante, mas seu diálogo é similar a muitos protagonistas masculinos de jogos dos anos 2000. A narrativa, que deveria ser envolvente, falha em manter o jogador engajado com a busca de Rémi por suas origens.
Após um início envolvente, "Hell Is Us" perde um pouco de ritmo. Embora o cenário continue intrigante e cheio de segredos, a história principal, que deveria motivar a exploração, não consegue cativar. As interações entre personagens são limitadas, e a progressão da trama se resume, em grande parte, a desbloquear portas decoradas com símbolos.
O combate, que é um aspecto crucial para desvendar os mistérios do jogo, torna-se repetitivo após várias horas de jogo. Mesmo assim, a estrutura dos calabouços, que possuem passagens estreitas e átrios iluminados, revela uma abordagem inovadora ao design de níveis. A ausência de indicadores de objetivos e a necessidade de ler diários para encontrar pistas adicionam um elemento de desafio.
Enquanto avança por esse mundo sujo e opressivo, a linguagem e os códigos de Hadea refletem a profundidade do conflito milenar. Apesar das dificuldades enfrentadas, o jogo transmite de forma clara uma mensagem universal sobre os horrores e as marcas deixadas pela guerra.
"Hell Is Us" está programado para ser lançado em 4 de setembro para PS5, Xbox e PC.
